14 de dezembro de 2011

L'opposition

"Lex III: Actioni contrariam semper et aequalem esse reactionem: sine corporum duorum actiones in se mutuo semper esse aequales et in partes contrarias dirig"

Como eu poderia prever tal coisa? Minha amada era sim minha grande adversária. Com golpes fatais me golpeava e todas as noites me fazia sangrar e aos prantos chamar por seu nome implorando por clemência e perdão de atos que não estava certa de ter cometido. Através do universo ecoavam os meus gritos e pelo seu peito a minha agonia. Parecia sentir prazer com aquilo. Parecia realmente se sentir bem com tais atos de covarde crueldade como se meu desespero alimentasse terrível leoa dentro de si. Por um tempo, doeu em mim e me perguntava quando iria parar tal sangue escorrendo em meu rosto; então doeu nela e em mim, o sangue escorria pela minha pele e espirrava na dela; foi ai que como fera acuada me dei a liberdade de fugir, de correr e como um católico pecador, ela chicoteou-se até sentir o corpo sangrar. Um bilhete me deixou e disse: "Dói bem mais em mim que em você agora..." e então a terceira lei de Newton foi aplicada. Quando dois titãs se chocam, um caí, mas sempre derruba o outro com a força gerada por tal impacto.

28 de novembro de 2011

Ma fille ...

Sendo honesta? Até hoje eu não sei porque gosto tanto de você. Eu simplesmente gosto, sabe? Só gosto… Não sei se há uma explicação para isso e mesmo que exista uma, não sei se quero saber qual é. Tudo está bem assim. Eu gosto de você e entendo isso mesmo sem compreender as razões. Só gosto… Gosto do seu cabelo quando o vento o bagunça, gosto de te ver tentando arrumar antes que eu o veja desarrumado, gosto de como fica corada quando digo que fica ótima descabelada e gosto mais ainda do “idiota” risonho que diz fingindo estar brava. Gosto dos seus olhos castanhos me olhando, gosto do brilho que os meus pretos tem quando os vejo refletidos nos seus, gosto de como os seus brilham ao me ver, gosto de como sorri quando vê que os meus também brilham ao te ver, gosto de como só os seus olhos tem essa cor tão bonita. Gosto do seu nariz arrebitado de arrogância e cheio de ar de mandona, gosto de quando o enfia nos livros e só o tira de lá para retrucar minhas maluquices, gosto desses seus olhos querendo explicar algo aos meus que relutam recusando a explicação, gosto do seu nariz se torcendo em raiva por isso e acabo torcendo o meu nas risadas para seu contragosto, gosto quando se rende e começa a rir também das minhas loucuras. Gosto de como dorme, gosto de te ver dormir, gosto de como finge não saber que perco a noite te assistindo sonhar, gosto de como as estrelas vem todas para a janela se juntar a mim para observá-la mexer-se na cama acordando bem aos poucos, gosto de como o sol te chama e você volta pro mundo real, gosto de como me olha com cara de quem queria dormir mais, gosto das meias que você perde entre os lençóis durante a noite. Gosto de você. Gosto, só gosto…

1 de outubro de 2011

Sourires, larmes, douleur ...

Pegou a minha mão e tocou com ela o seu rosto, olhou-me fundo nos olhos e sorriu como quem havia estado infeliz por muito tempo e por um lapso de segundo eu achei que o era, mas por que era? Acariciei seu rosto e a vi cerrar seus olhos cor de terra como se estivesse em rendição, a bochecha morena tingir de rosa, os lábios já rosados morder. Minha tão querida amante... Minha tão triste mulher. Abraçava-me com tanta saudade que eu sequer acreditava que tal força herculana era mesmo dos seus magros braços, parecia não me ver há anos, parecida ter dado fim à uma longa espera que se havia estendido por milênios, entretanto, era uma pena que tal força só lhe fosse presente nos braços uma vez que suas pernas tremiam e falhavam, derrubando-a em meus braços trazendo-a para meu abraço. Ria feito louca e chorava como uma velha desesperada, não sabia se sorria também ou se me preocupava até ver tão genuíno sorriso estampado em seu rosto. Não sabia já há quanto tempo não a via sorrir com tanta sinceridade nos lábios, não sabia mais dizer quanto tempo fazia que eu não via tamanha simplicidade e pureza em um mero sorriso. Era tão verdadeiro que me arrancava um sorriso de igual felicidade e sinceridade, de tamanha felicidade e simples pureza, simples alegria. Meu coração saltava e podia ouvir o seu dançar junto do meu, ambos frenéticos, loucos, agitados, sedentos pelo outro. Era tão linda aquela alegria no seu sorriso e o brilho estampado nos seus olhos... Era tão bom saber que aquela alegria era por mim e que o tempo não a havia matado ainda, que eu ainda a fazia sorrir e que ela ainda era capaz de perdoar minha ausência aguardando-me cheia de mimos. Era tão bonito de ver como gostava dela e ela de mim... Mas ah, que tristeza. Acordei.

30 de setembro de 2011

Rosée

Me peguei pensando em você de novo. Pergunto-me o motivo dessa frequência em me lembrar de você. Eu não havia te esquecido? Bom, eu amo menos acreditei que o tivesse feito. Novamente, estou me lembrando de como foi nosso adeus e sabe, não foi um adeus, não foi sequer um "tchau" ou um "até mais". Foi só silêncio. Me pergunto todos os dias porque não quis me dizer adeus, mas porque não voltou também se não queria ter ido. Eu sei que o que encontrou não era o que queria e nem o que você quer agora. É vazio. É falso e é até mesmo feio. Talvez tenha sido infeliz comigo. Certo, não talvez, você foi infeliz comigo, mas o que quer dizer essa tal felicidade, não é? Eu te amava, eu te amo. E você sempre me amou de volta, talvez até mesmo mais do que eu te amei. Eu te machuquei, eu vejo isso agora, mas você não havia me machucado também? Eram gritos, brigas, ofensas e uma agressividade de tanta selvageria que a lembrança me assusta até hoje... Eu era um monstro, não era? Eu sei que era. Sei que ainda o sou. Um monstro, mas sabe? Acredito que é você quem me deixe assim. Você controla e enlouquece a minha mente como se eu não conseguisse mais pensar estando perto de você. É tanto ciúme, é tanto ódio, tanto tudo. Eu só quis o tempo todo te trazer perto, te colocar do meu lado e não deixar que mais ninguém visse o quão bonito era esse tesouro que eu tinha e no meu egoísmo, eu perdi você. Eu amo você. Eu sempre amei. E sempre amei só você. Cometi pequenos grandes erros, menti, traí, iludi, gritei, acho que até bati, mas posso dizer sem erro que ninguém nunca te amaria como eu amo você, como amei, como amarei. Não importa quanto tempo passe, quem apareça na minha vida, eu sei com certeza de que eu ainda me lembrarei do seu sorriso daqui há muitos anos, de cada motivo que você me deu para ficar feliz, de cada beijo e especialmente de cada lágrima enquanto me jurava o amor que eu já sabia ser real. Há dias em que sinto tanto sua falta que sinto que vou morrer de saudades, há dias em que você passa reto por mim e eu quero chorar, há dias em que me olha com aquele olhar de fúria e quero poder te abraçar e te pedir perdão e há os dias em que eu desejo acordar como costumava acordar no seu abraço no meio de uma manhã vazia, escondidas no quarto matando a aula. Há dias em que eu queria tanto que estivesse aqui que quero simplesmente morrer por não ter mais, por ter tido e ter te deixado ir sem nem mesmo ter tentado trazer de volta. Eu te amo, eu sempre amei, sempre irei amar. Eu não te esqueci, nunca esqueci e jamais esquecerei. Você não é simplesmente metade de mim, não é simplesmente a outra metade que me completa. Você é tudo.

15 de setembro de 2011

Ma chérie

"Quem é ela?" me perguntou um velho amigo, "Que faz ela?" perguntou-me o outro. Pensei e pensei, eu sabia a resposta, mas como simplificá-la? Ela é como um clarão no meio da noite, é como uma luz que brilha e entontece qualquer mente, é como um brilho cuja luz emanada te ofusca a visão, é como clareza que te cega ao ver. Durante o dia de sol, durante a noite escura, durante a manhã chuvosa, durante a tarde vermelha, você brilha, você inebria minha alma, povoa meus pensamentos, inspira minha escrita e não somente à ela, você inspira e fascina tudo aquilo que se faz presente em mim, desde o mais simples sorriso ou mais salgada lágrima até as mais profundas e complexas filosofias. Engraçado é como ela, de uma forma ou de outra, contradiz tudo que digo. Bonito, bonito é como tenta desarmar meus argumentos com seu pessimismo e desiste do mesmo em alguns instantes. Mal sabe que tremo só de pensar em seus contra argumentos, que sempre me paralisam e emudecem. Não sei ao certo o que é, se é ela, se é seu sorriso, se é o brilho dos seus olhos ou se é novamente o plano sentimental interferindo no físico. Mas quem é ela? Eu sempre acreditei que seu nome fosse esse, mas é aquele outro. Ah, brilho, como é lindo o seu brilho e sua luz. Sua presença desafia o tempo e o espaço, tudo desaparece com sua presença e o tempo voa na velocidade da luz, na sua ausência um dia se torna um século e o mundo parece pesado. Então, me perguntaram dela, me perguntaram quem era ela, quem era ela aquela que tanto me fazia sorrir. Eu lhes disse "Ela é criatura noturna. Ela é a contradição das minhas ideias e sou a contradição da mente dela. Ela é de quem gosto, e eu sou dela".

30 de agosto de 2011

Lait renversé

De poeira ele havia se sujado ao cair no chão e pela primeira vez não havia sido enxuto por pano sujo. Branco e doce, era o leite que a mulher amorosa havia preparado para os amorosos filhos e para o amoroso marido. Branco era a cor do ódio destilado dos que lhe seguravam a garganta agora. Doce era o que suas lágrimas não eram, e que grande ironia também eram, ela estava chorando sob o leite derramado pelas mãos brancas para as quais implorava pela sua vida. Branco era a cor de seu vestido rodado, comprado pelas mãos negras do seu amado esposo que a amava tanto, amado esposo que muito distante dali arrancava no chão uma flor branca para enfeitar os cabelos negros da amada esposa de bochechas cor de terra escura assim como os seus bonitos e brilhantes olhos, o amado esposo jamais havia deixado de vê-la como a coisa mais bonita que já havia visto na vida, o amado esposo desde a primeira vez que a vira sabia que a queria como sua amada esposa para toda sua vida. Branco também era a cor dos dentes expostos da amada esposa que agora gritava enquanto o ódio branco lhe tirava algo que antes era só de seu amado esposo, algo tão especial que a amada esposa havia decidido guardar e dar somente ao amado esposo desde a primeira vez que o havia visto colhendo algodão na fazenda de seu senhor. Naquele momento ela só conseguia pensar naqueles algodões brancos, por que o homem branco não era capaz de ser tão gentil como o algodão branco? Logo o amoroso marido chegava, mas que pena, as flores brancas ele deixou cair sujando-as de poeira. Os amorosos filhos também deixaram lágrimas caírem sobre elas assim como a amorosa mãe havia deixado sob o leite. Com os braços negros fortes, o amoroso marido pegou nos braços a esposa e a corda de seu pescoço tirou, deitou-a no chão e colocou as flores sujas em seu cabelo negro enquanto via sua casa de paredes brancas se tornar negra pelas mãos do fogo, fogo servo das mãos brancas regadas do ódio branco que matara sua esposa da cor de terra molhada.

26 de agosto de 2011

Disgracieux

Falava. Eu falava muito. Ela falava demais também, mas nada dizia. Só falava e falava. Falava palavras que mesmo com sentido não adquiriam nada. Era sempre concordância. Nada a completar e tampouco a adicionar. Não havia opinião forte nem fraca, era só opinião. Tudo o que eu dizia debatia sozinha, enfrentar-me ela não sabia, ela só concordava e mesmo em discordância, não teimava. Não tinha gosto de sal, mas também não tinha sabor doce. Nada de muito importante lhe era creditado, nada feito era motivado por força além da mecânica. Era tudo sempre a mesma coisa. Meus beijos sempre eram correspondidos, mas aonde estava a paixão? Ela me beijava e eu também a beijava, mas nada se sentia além do físico. Nada, era tudo maquinado e automático, tudo mecânico e sem fervor. Era linda, mas que graça ela tinha? Sua beleza era superior à de qualquer mortal, mas, novamente, que graça tinha nela? Era tão bonita e mesmo de traços incomuns, ela era comum. Não tinha sabor, não tinha fogo. Sempre era nude, nunca branco, nunca preto e nunca cinza, era só nude. Nada forte, nada destacado. Uma linda cor, mas uma cor tão neutra. Seu chá não era nem amargo e nem doce. Seus movimentos nem rápidos nem lentos. Eram só movimentos. Sua tristeza era a indiferença e seu amor também o era. Ela não tinha nada a acrescentar, era normal e não sabia falar mais do que uma garota normal sabe. Parecia adestrada e alienada. Muito comum. Muito robótica. Que é que ela tinha? Ela tinha gosto neutro, ela era neutra e agia neutro. Ela era como água. Insípida, incolor, inodora. Não tinha forma. Não tinha nada de mais. Ah, eu a amava, mas ela era tão sem graça. Eu a amava, mas perto dela eu era mais vermelho que comum e perto de mim ela era nude demais.

20 de agosto de 2011

Those electric eyes

Bonito era o nascer-do-sol batendo na janela do nosso quarto ultrapassando as cortinas negras, fazendo o corpo pálido de Roxanne esconder-se debaixo das cobertas; vinha sempre junto do vento gelado das manhãs que fazia agora minha branca encolher-se. Cheiro de orvalho, cheiro de grama molhada e cheiro de azul índigo. Seu nariz, arrebitado, beijei e levantei por fim. Uma regata preta combinando com a lingerie de poliéster preta, abri então toda a casa e deixei a manhã tomar conta dela. Baguncei meu cobre cabelo, o nariz torci e por fim bocejei. Coloquei a água pra ferver, fatiei o pão e sobre a mesa a manteiga coloquei. Feito o café, escutei mimosos passos de minha pequena, esquentei então o seu leite, feito isso, servi em sua xícara branca internamente preta que combinava exatamente com a minha preta de interior branco e carregando café preto. Bonitos eram os olhos da minha menina. Eram brilhantes, eram hipnóticos. Eram doces, eram gentis. Sentou-se, a camisola branca de renda contrastava bem com o cabelo castanho-escuro que agora refletia o sol, então, pegou a xícara e sem dizer uma palavra sequer, tingiu o liquido branco e quente com pegajoso âmbar para adoçar ainda mais a bebida já doce. Mas, ah! Os seus olhos! Olhos tão dela, olhos tão meus. São olhos seus, são faróis meus. A canela lancei no café puro, preto continuou, amargo continuou. É mel dela, é café meu. São os seus olhos castanhos, são os meus negros. É o mel dela, é o café meu. É seu beijo adoçando meu amargo, é meu amargo tirando o doce dos seus finos lábios rosados. Bonito mesmo era a forma como ela me completava e me deixava fazer o mesmo.

25 de julho de 2011

Still a little bit delirious

Gosto tanto de vê-la andar. É tão determinada, tão dona de si, tão cheia de arrogância. Vive em seu mundo paralelo cheio de lírica e esquece-te de nós, meros mortais, que desejamos tanto ouvir a tua doce voz. Dona. És assim que a conheço, Dona. Você vem, parece tão destinada a quebrar as linhas invisíveis do tempo, tão destinada a me fazer parar de pintar o quadro presente com as cores do passado. Você vem, vem tanto para bem quanto para mal, mas dos venenos é o seu gosto o melhor. Você se parece muito com uma adega de vinhos, tão cheia de tantos diferentes fracos de tão diferentes cores, mas no fundo, todos tem o mesmo sabor e o mesmo veneno mortal. Te peço, por favor, Dona, não manche este chão com sangue. Mate-me lentamente e sem dor, de forma que eu mal perceba. Consegue sentir minha querida? Os sons estão florescendo em teu corpo esguio de sombra negra. Você é forte. Você parece forte, mas minha adorada, és tão frágil por dentro. É pura poesia, poesia sentimental de alguém que ainda não teve o prazer de sentir de verdade. Você vaga toda noite em cima de minha lápide, mas nunca olhou para minha cova abaixo de ti. Se alguém me pedisse um conselho sobre ti, diria para que se mantivesse orgulhoso, mas como sugerir à outro que mantenha o orgulho quando eu tenho a cabeça totalmente virada por tua causa mulher? Minha vida é tão incompleta, meus anéis de ouro eu vi ruir com a água da chuva, minhas jóias estão amarradas aos meus pés e me fazem afundar mais rápido nas águas profundas que são seus olhos. Mas ah, quanta ironia. Teus olhos são a noite mulher, são tão negros quanto ela e tem o mesmo brilho que todas as estrelas teriam se um dia se reunissem. Olhe para mim, eu quero que me sinta, eu quero que me culpe pelos seus erros, quero que diga com desdém meu nome e grite o quão suja é minha alma. Humilha-me, rasga-me, me enche de pecado e abusa de meu sexo como o cliente da prostituta, seja minha mulher e me faça a sua mulher, venha! Cuspa em minha cara e ofenda-me! Grita! Xinga! Destrói meu nome e destrói meu peito, mas satisfaz meu corpo e alma poeta com suas rimas sádicas e falsamente românticas. Vem, pássaro negro, invade meu quarto e minha cama, deita-te sob meu teto e conta as rachaduras de meu peito comigo. Joga-me na lama e me chama de imunda, de traste, faz de mim tua escrava, faz de mim tua cólera! Tire o resto de luz que ainda tenho. Você não sabe, mas eu vejo que é este jogo que você está jogando comigo. E adoro-o.

24 de julho de 2011

How can anyone feel so wild?

Preto, meu bem. Sua cor é preto. É preto minha adorada, preto é a cor de tua alma. Se esconde com o véu da noite, ampara-te na luz da lua e então acha que ainda não notei que você se esconde é do sentir. Descobre teu rosto e deixa-me ver em teu olhar gelado o quão és grandiosa. Tu me inspiras adorada, talvez até me instigues, talvez até me desafie sem ver a tê-la. Teus olhos são assim, são cor de noite, são negros como tua alma, negros. Estes teus olhos escuros, adorada, ah, estes seus olhos. Eles me hipnotizam, me elevam e me fazem lembrar a forma da lua cheia, mas veja só, são um eclipse. São escuridão rodeada por luz. É impossível ver o luar e senti-lo banhar minha pele sem me lembrar de ti, são tão geladas, você e a lua. Ambas exercem sobre mim um fascínio colossal, sinta-te honrada quando ouso dizer que os teus gracejos me encantam mais do que o brilho da lua, tamanha a vossa majestade minha adorada. Sua forma de gesticular, vossos desejos e ideologias, a tua filosofia e trejeitos, mulher, como poderia eu não te adorar? Como quisera eu ainda ver mais beleza no infinito céu acima de mim, mas teu sorriso me inebria; quando abre os lábios rosados e começa a falar, meu bem, não há nada que roube mais minha atenção que as suas palavras. Vossos passos assim, tão confiantes e tão ousados, são tão cheios de arrogância e ferocidade quanto você é. Mas ah, seus lábios, como eu conseguiria tirá-los da minha cabeça? Teriam eles o gosto de baunilha que o seu aroma tem minha adorada? Seriam de sabor tão complexo quanto vossas palavras? Com vossa inteligência tu me desafias em todos os instintos e com destreza maestral desmonta meus argumentos, mulher, me entontece com tamanha verbalidade e eloquência. Mas oh! Como me devora o desejo repentino de ter ao meu lado, adorada. Não como minha mulher, não em meus braços e não como minha amada. Ah, não, quero-te como lua, adorada. És tão escura e fria quanto a noite, como consegues ser a lua devastando as trevas de minh'alma? Como ilumina tanto minha mente se não tem luz sequer para abastecer à si própria adorada? Em tua falta de rumo, encontro-me e em teus delírios, desejo me fazer presente, desejo me fazer estrela pairando ao lado de vossa grandeza. Amada, seja minha e prometo o céu lhe dar, as respostas dar e os poemas mais pelos recitar. Seja minha musa e minha poetisa e serei eu a vossa maior admiradora, vossa escrava, vosso escuro de onde tirarás força e onde brilharás.

23 de julho de 2011

Je comprends, mon amour

De que cor ele é? Aquele meu coração, anjo. Aquele que roubou de mim. Você tomou de mim aquilo que eu sequer sabia existir, meu anjo. Eu nunca o havia sentido fazer algo mais além de bater, então, os seus olhos cor do mar me fizeram senti-lo sangrar. Você o roubou. Tirou de meu peito com tanta força e rapidez que nem mesmo sua cor eu pude ver minha amada. Numa caixa você o trancou e na estante fez questão de colocar exibindo-o como troféu, exibindo-o da mesma forma que se exibe a galhada do abatido cervo. Mas meu anjo, você nem mesmo lembra de quem é o coração, você nem do meu nome se recorda. Como cinzas no vento eu sumi e desvaneci de sua memória, eu me desfiz para você, mas amada, você esqueceu-se de deixar-me fazer o mesmo. Fugiu assim sem explicação, meu anjo, e levou contigo meu coração, fazendo-se então eterna dona dele e de sua posse ele é hoje, sempre será, até que tu me devolvas meu frágil e fraco coração, que sequer bater dá conta. Se não o quiseres, devolva-me e com a dor viverei em paz. Desapropria-se dele, anjo, deixa ele voltar pro meu peito saudoso. Um dia talvez consigas enxergar, menina, eu sempre entendi porque fostes, eu só esperei que um dia achasse a tal razão poderosa o bastante para fazer-te ficar aqui no encaixe do meu abraço, que é o seu lugar. É o mar o brilho dos seus olhos anjo, é o mar nos seus olhos. É o mar destes teus olhos enfeitando o vosso nome, é o mar dos olhos teus. É maior que o mar que enfeita vosso nome e brilha dos teus olhos, meu amor, é maior que todo este mar a dor que causou ao ir embora. Maior que estes mares, somente é a minha vontade de que voltes com meu partido coração na caixa, disposta a deixá-lo viver em mim, disposta a cuidar dele. É maior que todos esses mares, meu anjo, a saudade que ocupa meu peito no lugar onde antes batia o meu coração, agora trancado em vossa caixa, anjo.

24 de junho de 2011

The way you do

Amor, eu queria que você me amasse como eu te amo. Amor, eu queria que você pensasse em mim todas as horas do dia do jeito que eu penso em você. Amor, eu queria que você se lembrasse de mim quando ouvisse aquelas músicas melosas do rádio do jeito que eu me lembro de você. Amor, eu queria que você soubesse o quanto eu te amo, amor, para que eu pudesse também saber o quanto você me ama. Amor, eu queria te ter amor. Amor, eu queria te ter da mesma forma como você me tem.

17 de junho de 2011

It's only your shadow

Por que eu sinto um vazio tão grande hoje? Por que logo nesta sexta-feira fria eu me lembrei de ti e quis, pela primeira vez, chorar pela falta que você me faz? Por que hoje, depois de tanto tempo? Por que justo nesta hora, eu sinto meu coração ser esmagado por você e pela dor da sua ausência se fazendo presente em mim? Ah, meu anjo, meu doce e amado anjo, como eu poderia resumir a sensação de tristeza em meu peito? Como poderia eu, sendo réis mortal, descrever-te como inundam minh'alma a agonia e o desespero? Seria matemática e te diria em números, mas como contar este crescente infinito? Seria poeta e te faria as mais belas poesias com as mais românticas rimas, mas não há junção de letras, palavras ou rimas que expressem este sentimento que me dilacera. Queria saber falar a tua língua, a língua dos anjos, assim eu talvez conseguisse encontrar algum termo capaz de comportar toda essa dor que sua ausência me causa. Por que você se foi? Para onde foi, afinal? Seria teu sádico Deus te chamando de volta aos céus? É aí que estás? Sentada ao lado do trono dele? Se estiver, rogo aos céus e ao teu misericordioso Senhor que me devolvam você, rogo-lhes que te deixem voltar para mim na vã esperança de que seja sua vontade voltar aos meus braços para sentir o meu calor. Mas como poderias querer-me, não é mesmo? Como poderias desejar voltar à Terra e aos seus pecados onde és somente mulher se aí és o anjo com asas douradas enfeitando o pôr-do-sol? És fuligem cor d'ouro nas nuvens. Ah amada, como? Queria parar de chorar, mas anjo, novamente te pergunto: Como? Dei-me conta de que esqueci-me de como sua voz é, de como os timbres chegam ao meu ouvido; me esqueci de teu cheiro e de seu toque, também sem querer esqueci do seu calor. Lembro-me apenas dos vossos olhos, cor azul tão clara quanto tua atual morada, e de vosso sorriso, ah, sorriso que iluminava mais minhas horas mais sombrias do que o grande e supremo astro lumioso Sol, mais que a encantadora e misteriosa Lua, mais que as gentis e sedutoras Estrelas. Sem sua presença, anjo, eu sucumbo em pecado e em delírios vãos carregados de insanidade, caio em toda minha maleficência e de joelhos eu praguejo aos prantos entregando minha alma e meu corpo ao inferno. Deixo que as densas e eternas trevas daquele que não é nomeado tomem conta do meu externo e aos poucos, deixo que as minhas trevas internas se misturem à trevas dele permitindo que a energia deste encontro emane tamanha escuridão ao ponto de me fundir à todo mal do mundo, queimando minha carne e ossos. Tudo de que preciso é da vossa salvação meu anjo, do vosso amor e do vosso perdão. Por que tu não voltas aqui e me tira do vasto poço sombrio aonde mergulhei e afundei? Amada, anjo, minha amada e meu anjo, és a mulher que eu amo e o anjo que admiro, és meu amor, és minha amada, meu sonho e minha luz perdida. Amo-te como não amaria ninguém mais, mesmo no escuro, amo-te e quero-te como antes, até mais. Meu pranto o Diabo, senhor do inferno irá secar, mas não parar, enquanto tu não estiveres aqui para findá-lo. Meu corpo o fogo do inferno também vai consumir e transformar em carvão até que chegues para acabar com isso. Me entrego ao mal e em meu desespero, deixo-te partir novamente na esperança de que voltes um dia e me tire daqui, absolvendo então os meus pecados e salvando-me da maldição em que me transformei.

5 de junho de 2011

I remember shooting stars

Amar você, como eu poderia definir isso? É uma dor. É loucura, é delírio. Você é um copo de veneno, o mais doce e fatal que existe. Eu sinto seu cheiro de madeira molhada no vento, o negro de seu cabelo me envolve durante a noite como um grande manto, a frieza de sua voz e pele me ataca durante a ventania, seu toque de seda está gravado em meu tato e seu sabor de tabaco vive misturado ao de café nos meus lábios. Amor, por que se aproxima tanto de mim? Não consegues assimilar o perigo em estar assim tão perto de mim? És a musa mor de meus delírios de amor, sorriso maldoso que infesta meus sonhos com sinfonia cruel. Estrelas cadentes infestam o céu negro assim como o brilho vive em seus olhos cor de ébano. Eu quero um pôr-do-sol com você para poder me lembrar sempre do seu sorriso sádico ao ver o fim da luz , e como sei que o céu você adora, minha amada, eu tiraria do céu todas as estrelas que quisesse e com elas amor, eu te faria o mais bonito colar para combinar com a lua acima de ti. Eu não sei o que fazer com esse sentimento, e não sei o que fazer para sair de tamanha prisão de tristeza. Por que não vem e aproveita o sereno ao meu lado? Eu quero encarar seus olhos, quero ver seu negro encarar o meu negro. Eu sou fogo que pode se aproximar de tudo e você é a lua, assim distante de mim. Eu sou o fogo instável e louco, você é a imóvel e imutável lua. Por que Ela quis te tirar de mim minha amada musa? Toque-me, esteja ao meu lado, venha para mim. O que ela poderia ter que eu não possa ter melhor? O lirismo, a poesia, a dor estão ao meu lado, e o que ela tem além de ignorância? Ela não te merece como eu te desejo. Essa valsa que dançam, deveria ser o macabro tango da meia-noite ao meu lado. Deixe que meus dedos toquem seu pescoço, deixe que desçam pelo seu ombro e colo, deixe-me tê-la, deixe-me ver o tecido negro descer pela tua pele pálida sob o luar. Deixe que meus lábios cor de sangue toquem os seus gelados, deixe que eu sinta outra vez o gosto que tanto veneno tem, deixe-me cometer suicido sorrindo, deixe-me morrer ao seu lado. Deixa que eu seja tua e deixe que eu me iluda pensando que és minha também.

4 de junho de 2011

I'm already torn

Experiência própria, o amor é o maior dos males do mundo, é a junção de todos os pecados, a motivação de todos os atos de mal, razão de todo sentimento ruim. O amor é a raiz de toda dor, é o nutriente que a alimenta, as folhas que lhe dão vida, os frutos que ao cair espalham as sementes, as flores cujo polém infecta outros e o tronco que as sustenta. O amor é o ser e não simplesmente isso, é o não ser também. A dor é como fogo e o amor é o oxigênio que o inflama, que o alimenta e o torna cada vez maior fazendo-o queimar tudo ao redor. Amor é dor e não há nada que rime melhor com um do que o outro. Amor, dor, ardor, tudo isso é uma só coisa. Tudo é um mal. O amor é tão sádico que nos dá sempre uma prova da felicidade que ele pode nos trazer, só uma migalha do delicioso bolo que é a alegria amorosa, e então, nos mostra sua outra face, a infelicidade e nos lança pedaços do não tão delicioso bolo composto de dor e sofrimento de uma alma. O amor, é, o amor. Ele me tirou a minha vida, me tirou tudo. Entrou em meu peito e me destruiu. O que era uma enorme e viva árvore se tornou nada mais do que carvão, carvão que alimenta o fogo, que é a dor. Fogo que cisma em queimar tantas vezes a mesma cinza, torturando um cadáver e pisando em seu corpo fétido. O amor foi meu maior erro, meu maior pecado e agora pago o preço por tê-lo cometido. O amor se tornou a minha maior sina, é a minha maior dor. A culpa? A culpa é sua minha amada, que se foi, mas permaneceu dentro de mim.

17 de maio de 2011

Shadows linger

Você se lembra de quando pegou minhas mãos, me olhou fundo nos olhos e prometeu que me amaria para sempre e eu prometi o mesmo para você? O que aconteceu àquela promessa? Por que só eu a estou cumprindo? Aonde está você? Cada dia mais eu choro, cada dia mais eu caio de joelhos implorando que volte, cada dia mais eu sinto sua falta. Sua presença imaterial consegue ser tão mais forte que a material, que me arrepia, me tortura. Por que faz isso? Por que simplesmente não vai embora? Todos dias eu choro, eu me debulho em lágrimas, eu me machuco. Eu me corto para saber se ainda sinto, pra ter certeza de que ainda estou viva e não morta em uma prisão de punição eterna maquinada pelo demônio. Mas o que é o demônio afinal? Ele é só mais um. Ele é exatamente como eu. Eu sou um demônio. Eu sou o maior demônio aqui. Você? Você é uma bruxa. Você procurou por mim, procurou pela minha força, pelo meu poder e depois de arrancar tudo de mim, você partiu. Me deixou queimar em minhas próprias brasas enquanto fugia entre a fumaça negra ao meu redor. Por que te esconde em tanto gelo? Por que se sabe que meu fogo ainda pode derretê-lo? Claro que ao se tornar água ele apagaria meu fogo, mas ainda sim, se tornaria fumaça ao fazê-lo e nós duas estaríamos destruídas. É isso que você quer? Me ver apagar? Eu era o mar, tão falso, tão poderoso e provedor de vida, escondia coisas e mentia, estava morta, mas eu ainda tinha você. E agora? Eu sou fogo. Somente fogo. Você era o céu com seus olhos cor de manhã clara, e agora? É só gelo. Eu menti à ela. Eu menti à mim mesma. Eu te escondi dela e agora pago por tamanho pecado, por tamanha ambição em ter dois titãs. Ao querer ser dividida entre as duas eu perdi você. Eu me tornei fogo. Insana, transparente, furiosa e faminta. Eu preciso de você. Eu trai ela, eu menti pra ela mas só à ela. Para ninguém mais. Ela foi a única traída, a única enganada, e por mais que saiba disso, ela não sabe nem da metade do que eu fiz. E quando eu jurei à ela que não estava ao seu lado, meu amor, eu menti. Ela não sabia, mas eu menti. Você era a única em meu coração e negar isso à ela tantas vezes me matava por dentro. Mas eu sabia o que estava fazendo. Eu trai à mim mesma. Eu me tornei fogo. Me tornei luxúria. Me tornei demônio. Eu preciso sair do escuro do qual sou única e negra luz. Volte e ilumine o meu dia. Volte, somente volte, Anjo.

25 de abril de 2011

Lebedinoye Ozero

Um pé aqui e outro ali, um salto e um pouso. Estava linda, estupidamente perfeita; tão encantadora e leve, suave, em cada passo. Ainda não a havia visto dançar, era a primeira vez que o fazia desde nossa união, admiti meu choque com tanto talento, admiti ter esperado bem menos dela, tê-la subjugado e achado que era incapacitada de fazer algo tão bonito. Até então eu não havia compreendido o tamanho de todo o seu espetáculo, por mais imenso e lotado que fosse aquele teatro, esperava algo pequeno e havia até mesmo perdido o começo do primeiro ato. Mas estava realmente lindo, até para mim, que odiava tanto balé. O lago dos Cisnes era a peça, e com suas impecáveis sapatilhas brancas, a minha Roxanne era quem dançava como como protagonista. Naquele instante, ela estava tão angelical assim como na primeira vez em que eu a havia visto. Um coque impecável em seu longo e liso cabelo castanho-médio, a maquiagem perolada ao redor de seus olhos castanho-escuros, o batom rosado em seus lábios em formato de coração, a sua pele pálida sem contraste com as vestes brancas idênticas às de Adelaide Giuri e uma coroa branca e prata; assim estava Roxanne. Em sua dança como cisne branco ela era extremamente gentil, ela era tímida e frágil, ela estava beirando o angelical. Era um anjo com asas falsas ao dançar, assim como era um anjo sem auréola na primeira vez em que nos encontramos. Só na primeira vez eu havia acreditado naquele rosto de boneca e naquele corpo de menina, só na primeira. Fim do primeiro ato. Agora, o cisne negro entrava e então reconheci não só por fora a presença de minha Roxanne. Vestida toda de preto, usava maquiagem forte em azul cor de céu noturno e um batom rosa-escuro, já não usava mais as sapatilhas brancas que eu lhe havia dado também. Dançava com maldade nos passos, com malícia em cada um dos seus movimentos. Estava feroz, decidida, intrépida e cruel. Sádica. Enfim, aquela era Roxanne; Roxanne, aquela bailarina que eu tinha como minha. Acabados os atos, fui vê-la em seu camarim. Rosas vermelho-escuros, cor de sangue velho assim como a sua alma. Depois que me viu escorada no portal, saiu correndo em minha direção e beijou-me sedenta manchando sua boca rosada com meu batom vermelho-claro, a cor do sangue corrente e também a cor que sua alma tinha antes de me conhecer, antes de se entregar à mim. Uma obrigação social ao seu lado e fomos embora, chegando em casa. Pulou em meu pescoço e nos despimos, como sempre, caimos na cama e ela pediu mais uma vez que eu fizesse o que sempre fazia. Se deixou ser minha, se deixou ser feita mulher pelas minhas mãos, se deixou provar o quanto era minha mulher, minha e somente minha. Me deixou fazê-la contorcer e gemer de prazer em minhas mãos, em minha boca, em minha intimidade. Me deixou tocar sua feminilidade com a minha e novamente, completar nosso pecado, nossa luxúria. Após a prova de nossa paixão, egoísta e física, nos levantamos e ficamos de pé observando a chuva na janela, era engraçado, chovia, mas ainda sim, a lua cheia estava linda iluminando todo nosso quarto. Deixei que entrelaçasse suas mãos nas minhas enquanto a abraçava por trás observando o reflexo de nossos corpos nus de mulher serem refletidos na janela. Beijou as minhas mãos e aconchegou seu corpo no meu, então vi refletido no vidro molhado os seus olhos fechando e seu sorrindo abrindo cada vez mais enquanto deitava para o lado sua cabeça.
- Gostei de sua dança como cisne branco - pausei roçando então o nariz em seu cabelo com cheiro de flores, agora solto - Não achei que conseguiria.
- Por quê? - perguntou sem se mover enquanto eu deitava a cabeça em seu ombro ignorando seu longo e liso cabelo roçando e arrepiando meus seios nus. Enquanto passava atrevidamente a língua por todo seu pescoço e tocava com a ponta do nariz em seu rosto pálido.
- É cisne negro demais para isso - sorri enquanto vi, em seu reflexo, que abria os olhos.
Virou o rosto e me beijou cheia de carinho e amor soltando-se de mim e indo cobrir sua nudez com um roupão de seda cor branca, sem fechá-lo. Trouxe meu roupão, que era idêntico, porém, preto. Vesti meu roupão enquanto fechava o seu, então, ela fechou o meu. Estava doce, estava gentil. Envolvi meus braços em sua cintura e ela então pousou uma mão em meu seio, e, com a outra mão, bagunçou meu curto e repicado cabelo com a ponta de um de seus dedos.
- Parece vermelho - disse olhando-me nos olhos negros.
- O que parece vermelho? - perguntei deduzindo que se referia ao meu batom.
- Seu cabelo - respondeu sorrindo - Ele parece vermelho.
- Porque é, oras - ri - Eu sou ruiva, Rox. Dorme comigo há dois anos e não sabia ainda?
- Não - riu baixo - Seu cabelo é ruivo, laranja. Só parece vermelho quando é noite e se banha com a luz do luar, só é vermelho quando está escuro e a lua se faz única luz.
- Aonde quer chegar? - perguntei com a sobrancelha franzida.
- Nem sempre o cisne negro precisa continuar negro sob a luz do luar - sorriu, parecia estranhamente angelical.
- Tem razão - eu estava de fato dormindo com um cisne cinza.
- A amo - proferiu aninhando sua cabeça em meus seios. Deitei-a na cama e me coloquei por cima lhe acariciando o rosto com a ponta dos dedos.
- Também a amo... - E a beijei tornando inútil que tivéssemos posto os roupões. Touché Roxanne. Touché.

19 de abril de 2011

One Night Stand

Você não tem nome, seu nome é “Minha”. Minha porque eu a tenho deitada no meu peito, Minha porque se encaixa perfeitamente no meu abraço, Minha porque confia em mim, Minha porque me prometeu ser para sempre só minha menina e me deixar ser só sua mulher. Só eu sei o sabor que seus lábios rosados têm, só eu sei o perfume que seu cabelo cor de breu possui, só eu conheço a maciez da sua pele alva, só eu sei como fazer seu corpo todo arrepiar, só eu consigo lhe arrancar tantos gemidos altos e gritos roucos, só eu posso tocá-la e sentir o gosto suave que do seu prazer. Você é Minha, você é só Minha.  Sua voz tão doce, tão suave e tão melodiosa. Seu cheiro tão igualmente doce, sua timidez tão incrivelmente encantadora, seu jeito meigo, a sua delicadeza. Seu vestido é tão bonito, seu vestido fica tão bonito em você, mas só em você, e só porque é assim tão fácil de tirar, assim, só puxar o laço e logo ele cai mostrando em partes a beleza do seu corpo nu. Os seios assim envergonhados, a cintura assim fina. O meu também é fácil de tirar, e você logo o faz deixando a minha pele tingida com o sol e tão quente quanto ele tocar a sua fria com cor de lua. De poro em poro eu sinto sua pele inteira arrepiar, subindo crescentemente até sua nuca enquanto deita a cabeça para o lado fechando os olhos, olhos bonitos, olhos cor de mel, os mais bonitos que já vi. Mas era assim, eu Sol e você Lua, você era apenas um pequeno pedaço de rocha e eu te atraia com a gravidade, e você vinha sem recusa alguma, estava entregue. Um toque, mãos que desciam pelas sua cintura, quadris e coxas, mas subiam um pouco mais invadindo a lingerie de renda cor creme, mas subiam um pouco tirando a lingerie de renda cor creme. “Por que você é assim tão ingênua?” eu perguntei, ela não me respondeu, ela só continuou com os braços ao redor do meu pescoço. Os seus lábios rosados tocando os meus vermelhos, sua cintura em minhas mãos e o seu sorriso colado ao meu. “Por que você não me responde?” e perguntei de novo afastando nossos rostos, encarando seus olhos, e ela me sorriu sem responder, outra vez. Um toque, dedos que invadiam terrenos que não eram meus, mas ela não reclamou, ela não disse nada, apenas deitou-se na cama puxando-me para cima de ti. Gemidos altos, sussurros que eu não compreendi, suas unhas marcando minha pele nua, meu nome saindo de seus lábios e ecoando pelas paredes do quarto. Rolamos, sentamos, levantamos, deitamos e em meio à toda essa movimentação, caímos no tapete e paramos para observar o teto, ofegantes e suadas. A beijei, baguncei seu cabelo e ela nada fez. Só deitou a cabeça em meus seios, sorriu e fechou os olhos. "Por que você me deixa te fazer de boba assim Claire?" perguntei, "Porque eu sei que você também está se fazendo de boba achando que sou a única apaixonada aqui" me respondeu finalmente. Eu sorri, realmente, eu também estava sendo a boba ali. Vestiu-se, me vesti. Peguei as chaves do carro e lhe selei os lábios "Vai voltar?" perguntou enrolando com o dedo uma mecha de meu cabelo. Eu sorri, "Don't you know that you're nothin' more than one night stand?" respondi citando Joplin, lhe selei os lábios novamente e com um carinho em seu queixo sai. Quando pessoas inteligentes se apaixonam e sentem a conexão com outra pessoa, elas vão embora antes que algo aconteça. Algo como amor, a maior maldição do mundo.

15 de abril de 2011

The whole world just fades away

Eu estava ali tão calma sentada com meus pensamentos, caneta e papel, estava ali tão em paz com meu mundo louco quando vi seus olhos de tímida ave entrando naquela sala. Sapatilha de um cor-de-rosa beirando o bebê, anel e brincos de pérola, uma blusa branca da mesma cor caindo de um ombro, a calça de jeans claro. Seu corpo assim, carregado de volúpia, seu andar assim temeroso e cheio de medo, mas assim, gentil e com cara de menina bonita. Ela era uma menina bonita. Com seus longos cabelos negros, assim lisos e muito bem penteados; com seus olhos cor de pedra escura e marrom, cor de chão em dia de chuva; sua pele de porcelana, sua pele de   copo de leite que floresce só uma vez ao ano com o perfume de mil flores de cerejeira abrindo em um campo de rosas. Você é assim adocicada como o mais lento veneno e a bebida mais leve, mas por ironia, tal bebida fraca e doce é a que mais me deixa zonza, que mais me tira os sentidos. Você é assim garota, você me deixa assim louca. Você é menina mulher, é deusa grega em terras tupis. Teu corpo nu na beira do mar, as flores brancas e penas no cabelo negro e comprido, que cabelo negro lindo, capaz de humilhar o céu estrelado com tanto brilho que tem. Esses teus olhos de dona do mundo, ofuscariam a beleza de mil jardins de rosas. Cada passo seu por mais embaraçado que seja, é o mais bonito. Sua pureza, sua ingenuidade, sua inocência e esse seu sorriso de criança me tiram suspiros de sabe-se lá aonde, você é dona do meu pensamento, patrona de meu coração e rainha de minh'alma e razão. Se fosse minha menina, seria a mais bela musa dos poemas que eu te escreveria e mulher alguma ouviria palavras tão bonitas quantos as que eu usaria de manhã cedo na cama para te acordar. Ah garota, me deixa ser sua mulher e eu te prometo que meus pensamentos serão só teus de hoje em diante.

9 de abril de 2011

A second chance is all I'm meaning.

A minha menina é das meninas a mais bonita, dos fascínios do mundo é a mais fascinante, e ah, ela tem os olhos que mais brilham em toda a vasta extensão do universo. Eu realmente não me lembro de qual cor eles são, mas eu sei que são os castanhos mais bonitos que já existiram. Seu cabelo é o mais cheiroso também, é como estar em um campo de pessegueiros; sua pele é a mais macia, é como tocar seda; e sua boca? Ah, esta tem o sabor mais doce que poderia existir e o sorriso mais belo que já foi dado; tudo nela é assim, delicado e bonito, seja rosto, cabelo, mãos e corpo. Tudo nela é bonito, porque ela é assim, demais pra mim. Não é margarida, não é flor de cerejeira e não é rosa, ela é assim, lírio bonito que tenho pena de colher do jardim, só fico aqui da janela observando-a crescer e se tornar cada vez mais bonita, mas o que fazer se ela está nascendo no jardim vizinho e não no meu quintal seco e sem vida? A vontade de lhe roubar é enorme, mas viveria ela aqui em terras tão mortas? O sabor amargo e a cor vermelha de meus lábios não tiraria dos seus a doçura e a cor rosada? O negro de minhas orbes não lhe roubaria todo o brilho de seus olhos castanhos? O meu cheiro forte de canela e conhaque não iria tirar o campo de pessegueiros do seu cabelo? E sua pele de seda fria não deixaria de ser assim, tão fria e deslizante quando entrasse em contato com a minha de veludo quente? E ah, o seu sorriso, ele não se desmancharia ao ver a tristeza de minha alma? Eu sou assim, tão árvore seca e morta, de folhas negras caindo ao chão, de galhos retorcidos e de teimosia exuberante. Eu sou assim tão fortemente presa ao chão que é minha loucura e você tão suspensa no ar por ramos tão verdes e gentis. Como poderia eu desejá-la ter? Mas desejo, almejo do fundo de minh'alma poder abraçá-la, um abraço extraído de meu lado herculano cujo intuito, além de saciar minha vontade de lhe ter, é o de jamais deixá-la partir. Eu preciso tanto de você que se torna extremamente difícil até mesmo respirar, acordar e desejar viver sem ter você aqui. Se tornou bem mais que uma musa ou uma inspiração, és minha bússola, és o que me instiga a viver mais e viver só com o objetivo de te ter em meus braços uma única vez antes de partir desse mundo cruel. Oh minha linda e doce dama, me dê tua mão e deixa-me te mostrar que, entre os vales secos e mortos de minha obscura mente, você é a única flor viva ao qual tudo gira em torno. Deixa eu te mostrar que você é a única coisa que ainda vive em mim e me faz acreditar que de árvores assim tão mortas nesse clima assim tão frio, possa ressurgir algo vivo. Deixa.

1 de abril de 2011

April Fools

O que eu te diria hoje nesse exato instante? Bom, eu te apontaria o dedo bem no meio do rosto, a olharia bem fundo nos olhos e diria que não a quero mais na minha vida. Negaria todas as noites que chorei pela simples menção do teu nome, que chorei desejando tê-la, que chorei com a dor de a ter perdido, que chorei por tanto te amar. Eu te diria que nunca mais irei atrás de você, diria que nunca mais te veria e viraria as costas chorando com o coração na garganta. Eu te prometeria nunca mais te olhar e desejar poder te abraçar e entre lágrimas dizer o quanto eu ainda te amo. Eu facilmente te diria que não sentia absolutamente nada além de repulsa por você, que desejava nunca mais vê-la já que não me era de serventia nenhuma mais. Negaria que sonho contigo a noite, que nesses devaneios você me pede pra voltar. Eu te juraria de joelhos que nunca mais iria falar nada sobre você, que iria lhe apagar da mente, que nunca senti e nem nunca sentirei nada, que não sinto sua falta e que foi tudo uma perca de tempo. Mas eu só poderia te dizer isso hoje, no dia primeiro de abril, eu só conseguiria mentir assim nesse dia, até porque, você sabe melhor que eu o quanto eu ainda te amo e o quanto eu faria tudo pra te ter de volta. Eu sinto sua falta meu amor, sinto muito a sua falta, sinto tanto que me falta o ar, sufoca e faz mal.

30 de março de 2011

Once again

O que é, afinal, a loucura? A loucura de minha alma é isso mesmo, ser minha alma. Tantas faces, tantos cheiros, tanto tudo. É tudo dobrado, tudo multiplicado. Tudo contradição, tudo confusão. Algumas vezes eu sonhava que estava bem e em meus delírios afirmava que era normal, acreditando sem crer que ainda possuía alguma sanidade notável e que o resto do mundo era igual, quando eu sabia vem que isso não era verdade. Eu nunca tive nada de normal e sabia disso, só negava. Essa minha loucura também nunca foi assim, convencional. Eu nunca ouvi vozes me dizendo para fazer coisas, eu só era controlada pelos seus desejos silenciosos, ainda sou a ponto de ter perdido a conta de quantas vezes acordei com uma tesoura na mão querendo, a todo custo, rasgar fora cabelo e olhos. Eu mesma me mandava fazer isso, uma segunda face de mim que queria me matar, que queria o sofrimento tendo fim ou um começo adequado. Sempre vi essa podridão em minha alma, esse cheiro de animal morto. Uma escuridão só, porém, uma chama acesa ainda sim. O fogo queimava dentro de mim, e, com o tempo, me transformou em brasa também. Tão instável, tão inconstante e tão destrutiva quanto uma labareda alta, tão insana e feroz quanto uma também. Enlouquecida e esfomeada por sangue, cheia de fúria e devaneios carregados de dor. Eu sou infeliz, os outros felizes, mas, quantas pessoas no mundo são realmente felizes? As pessoas parecem ser felizes, mas na verdade são só bons atores. Fingem viver em paz, mas só engolem os seus demônios, então, eles conseguem manter seu auto-controle e trancar esses tais monstros dentro de si, conseguem seguir adiante. Algumas pessoas não conseguem lacrar dentro de si esses pesadelos, então acabam sendo escravizadas por eles. Eu sou uma delas. Presa não por grades de ferro, mas sim por uma trilha de água ao meu redor, queimando até chegar ao céu tentando sair e fazer de tudo cinzas. Eu não estou doente, eu só sou perigosa pra mim mesma. Remédio é pão, álcool é água e gritos são suaves melodias. A loucura é a ilusão, é o pesadelo do qual sempre acordei, mas do qual acredito que jamais conseguirei sair de novo. Ao menos, não com vida. Mas e dai? Eu sempre encarei a morte como a maior libertação. Que venha.

28 de março de 2011

7 days on the road

Sempre repudiei esse tipo de pessoa que só fala do amor, especialmente aquelas pessoas simplórias o bastante para repetir várias vezes a mesma coisa sobre um sentimento tão abrangente, tão mutável. Também nunca gostei dessa coisa que é repetir os sentimentos, temas de escrita. Mas amor, como pensar em escrever sobre qualquer coisa além de você? Você é tudo. Como tirar da mente os seus olhos quisera eu saber! Eu não me lembro mais se são escuros ou cor de madeira clara, mas minha pequena, são os olhos mais brilhantes e adocicados que já vi, os mais lindos olhos da mais linda pessoa. Hoje eu precisei tanto de ter você na minha cama, me abraçando e me acordando com sussurros gentis, com seu corpo quente abraçando o meu gelado, com seus cabelos longos no meu rosto e seu sorriso tão singelo logo cedo. Meu bem, eu preciso tanto de você. Como viver sem respirar seu perfume aonde quer que eu vá? Como andar pelas ruas sem procurar pelo seu rosto da multidão? Como não ouvir o vento bater sem desejar que aquele som seja o seu sussurro? Meu amor, por favor, fique comigo, seja minha e somente minha, sem divisões, sem outros olhares e sem outras vozes a cortejando. Não consigo pensar em nada mais do que ganhar seu perdão, sua mão e seu sorriso. Não consigo sentir nada diferente do seu toque e tampouco desejar algo semelhante de qualquer outra. Pequena, seja minha. Pequena, beija-me com vontade como se fosse a primeira vez. Pequena, apaga ou inflama este fogo em meu peito. Seja minha ou devore-me.

24 de março de 2011

Jerusalem bells

Você é doce, tão meiga e tão delicada. Você é assim como um sonho em meio aos meus pesadelos, é como se fosse a única coisa realmente boa na minha vida. Eu te amo, eu te amo tanto, por que não fica comigo? Por que corre de mim? Eu preciso de você. Eu vivo minha vida em escala da cinza, mas você, ah, você... Você é o choque de cores em meio ao cinza, você é como um arco-íris em meio ao céu nublado de chuva, é como a única coisa real nesse mundo de pecados e maldições. Mas por que não me olha? Eu sei que a machuquei, eu sei meu bem, mas por que tanto rancor? Eu sei que a deixei, mas eu voltei pra você agora, não voltei? Então por que não diz que vai dar tudo certo? Eu queria tanto que me abraçasse e me dissesse que é minha de novo como era, que me beijasse tão terna como já beijou. Eu queria tanto você. Eu quero tanto você. É como se eu precisasse da sua aura como inspiração, como se sem você eu nem mesmo conseguisse pensar em coisas bonitas para escrever, e de fato não consigo. Tudo é romance e tudo é dor pra mim, porque tudo que penso é você, tudo que consigo sentir é por você. Seja a alegria da sua presença ou seja a dor da sua ausência, seja a beleza dos seus olhos caramelo ou seja a feiúra que o mundo passa a ter comparado a ti. Tudo é você, tudo é por você. Eu simplesmente vivo por você, morro por você, respiro por você, só por você. Eu só preciso que me toque novamente, que me dê aquele mesmo abraço apertado e se alegre com a minha presença. Eu só preciso de você do meu lado mais uma vez. Eu preciso ver cores, ouvir músicas sobre amor e entender sem sentir dor, sentir o toque quente que só você tem, cheirar o perfume que só o seu cabelo faz ser tão doce, tocar sua pele que é a única assim tão macia. Eu preciso sentir meu coração bater não só por dor, mas também por amor; escrever poemas e falar do que se passa comigo e contigo; preciso de você do meu lado, minha flor, meu amor. Eu preciso de você pra ser feliz, mais nada.

19 de março de 2011

Her sweet voice

"Mas qual luz abre a sombra deste balcao? Eis o oriente é Julieta, e o sol!....Oh, e a minha mulher e o meu amor!"
Ato II, cena II.

E se eu te dissesse que eu sinto muito, você voltaria pra mim? Voltaria pra mim e me diria outra vez o quanto precisa de mim na sua vida? E se eu usasse meu melhor vestido, meu batom mais vermelho e meu sapato alto, diria novamente o quão me acha bonita? Eu preciso de você, e a cada dia que vivo sem sua presença mais me dou conta disso. Quanto mais longe fico de você, mais a lembrança do seu perfume me deixa atordoada, mais a lembrança do seu beijo me instiga, mais a lembrança do toque suave da sua pele na minha me arrepia, mais a lembrança de você me faz querer voltar atrás, mais a lembrança de você me faz querer ir até ai nesse exato momento e tomá-la nos meus braços e fazê-la minha posse. Eu te dou minha alma, te dou meus poemas, minhas mais adocicadas palavras de amor, te dou tudo que sou e te dou meu coração. Só preciso mais uma vez te ver, mais uma vez te ter, mais uma vez me aproximar e ouvir a sua voz melodiosa no meu ouvindo repetindo meu nome. Minha Julieta, oh sim, minha e só minha Julieta. Você é meu amor, minha razão, minha motivação. Ah Julieta, minha alegria quando vem e minha dor quando se vai. Você é meu sol e minha lua, você é tudo. Por que me deixaste? Por que foste embora? Oh minha Julieta, por que não volta pra mim? Por que não esquece os pecados cometidos por mim e se joga em meus braços novamente prometendo jamais ir embora de novo? Eu te desejo, eu a vejo, eu a necessito como preciso de ar, de água, de música. Eu posso escrever sobre qualquer coisa de maneira maestral e carregada de imaginação, mas como posso escrever sem ti se és a minha inspiração? Sem você aqui só posso escrever sobre minha dor e sobre a recordação de sua beleza, recordação esta que me causa ferimentos de navalha no peito. Julieta, ah, minha Julieta, me deixa ser teu Romeu. Me deixa ser tua novamente, inventa de novo todo meu ser, perdoe tudo que achar necessário e esquece o que a magoou, e volte pra mim. Ah Julieta, deixe novamente que esta velha e derrotada poetisa lhe recite com todas as palavras do mundo os poemas mais apaixonados já escritos  e deixa que ela sinta novamente o cheiro de seus cabelos cor de turmalina negra. Ah Julieta, volte.

"- Chama-me somente de amor - diz Romeu – e serei novamente batizado e jamais serei Romeu outra vez."
Ato II, cena II.

15 de março de 2011

She's gone

But in the end
Everyone ends up alone
Losing her
The only one who's ever know
Who I am, who I'm not
And who I want to be
No way to know
How long she will be next to me

The Fray, You Found me.

Porque você sabe que eu sinto sua falta, e sabe que sente a minha também. Porque isso não faz sentido e porque as brigas soam bem melhor agora que nada mais existe, nem mesmo o ódio. Só a indiferença de ambas as partes.

13 de março de 2011

Show me how you feel

Você já se machucou e sentiu uma dor tão incrivelmente devassadora e se sentiu incrédulo quando aquela pessoa te disse "cara, nem dói tanto"? Ninguém sabe da dor de ninguém, mas sempre há algum engraçadinho de joelhos lisos querendo lhe falar sobre os seus joelhos ralados como se tivesse experiência de vida o bastante para dizer qualquer coisa, como se tivesse visto o filme antes e pudesse soltar algum comentário qualquer. Bom, você sabe como o seu coração de rocha de quebra, mas já perguntou para mim se é a mesma coisa com o meu de porcelana? Ele é tão mais fácil, e tão mais difícil de curar. Pedras se partem depois de muito tempo, se partem em dois pedaços apenas e eles podem ser juntados novamente, não machucam e não tem pontas que cortam. Mas, você já viu porcelana quebrando? Qualquer toque pode quebrá-la e ela forma pontas enormes rasgando tudo dentro de você, com aqueles cacos pequenos que te sufocam e desaparecem impossibilitando que aquele coração volte a se remendar um dia. Uma vez que você quebra a porcelana, ela nunca mais volta a ser o que era antes. Você sente aqueles pedaços da porcelana te cortando por dentro, você sente o sangue escorrer pela sua boca e a dor faz suas pernas falharem e te deixarem de joelhos no chão, urrando de dor, gritando em fúria e implorando por um perdão divino. O tempo passa voando, mas aquelas horas rodeiam toda sua mente e confundem seus sentidos, entram pelos ouvidos os ecos da sua própria dor, o cheiro do seu próprio sangue pelo nariz e na sua pele tudo se rasga. Ah, como quisera eu não ter tanta porcelana quebrada assim dentro do peito.

8 de março de 2011

Pourquoi ce blame?

O Fogo devorava o carvão que se tornava pó com seu toque faminto, ele parecia contar histórias, parecia querer compartilhar algo. Eu, ouvinte atenta escutei cada palavra que dizia e terrivelmente descobri que as histórias dele eram as mesmas das minhas. Me contava e mostrava seus contos com aquela fumaça branca com cheiro de hortelã, cantava para mim com seu crepitar e suas chamas dançavam para mim conforme o ritmo dos tambores rufando em minha mente. Ele me dizia pra ficar calma, ele, aquele mesmo álcool que descia pela minha garganta parecia estar tão quente quanto o Fogo, me queimava e rasgava por dentro, a cabeça logo dava voltas. O calor emanava dentro da pequena cozinha antiga caindo aos pedaços, lá fora a chuva caia forte e o frio arrancava de qualquer um a alma. O vento, ah, o vento, o vento batia furioso nas janelas e portas ordenando que eu as abrisse para que pudesse entrar, querendo alimentar o Fogo. Poderiam fazer coro e eu não abriria a porta. Estava gostando da solidão. Gostando das histórias. Foi quando me lembrei Dela, aquela que me foi tudo. Eu sempre evitei pensar nela porque costumava a chorar com a simples menção de seu nome, e que choque, eu já não me lembro mais de como seu rosto, é como se nunca tivesse existido e agora nada mais é que figurante no fundo de minha mente, só um personagem em meus livros, nada. Suspirei por um tempo, me senti mal por dar tão pouco valor à alguém que me fez bem certo tempo, mesmo que pouco. Eu não queria ser aquele fogo que se deixa esquecer. Me recusava a aceitar isso. Foi quando o Fogo riu e me disse que éramos uma só coisa, um só ser e uma só brasa que queima até o carvão se tornar cinza. Eu havia queimado o carvão e agora que suas cinzas haviam sido levadas pelo vento, ele não me tinha serventia, eu não desejava ali mais e estava feliz com isso. Afinal, estava sendo melhor assim. Eu era assim, eu era fogo. Eu sou fogo e o Fogo é a manifestação de tudo aquilo que eu guardo dentro de mim. Fogo, simples e furioso fogo.

6 de março de 2011

Turn on those sad songs

Sabe quando você olha ao redor e sente aquela sensação de vazio assolar o peito? É quase como entrar na água e não senti-la, não se afogar e nem sentir a diferença da pressão conforme você caminha. Definindo de uma maneira realista, é quando você chega em um lugar e se vê rodeada de rostos, mas não vê nada além de borrões, de máscaras e de gargalhadas. É como se você precisasse desesperadamente ou de óculos ou de pernas para correr. É uma vontade de se esconder, uma sensação extrema de vazio. Aquele medo, aquela perca momentânea da razão. Nadar sem bóias, andar no fundo do oceano sem sentir a pressão te esmagar, não se assustar com aquele contraste de monstruosidades e achar a falta de luz a coisa mais bonita ali. O escuro é a chave. Em luz você consegue ver, consegue saber o que toca, tem o poder e a capacidade de sentir e se ferir. O escuro esconde tudo, o escuro te envolve durante a noite, te beija o rosto e lhe sussurra que tudo vai estar vem quando acordar. Sombras escondem o sol, estrelas se chocam e se quebram, luas caem e nuvens se formam carregando a tempestade impetuosa e cheia de ódio. O fogo queima, o fogo chia, o fogo grita, mas o fogo não se apaga, o fogo cresce e devora tudo ao seu redor, o fogo é incontrolável e o fogo não teme, o fogo quer ferir, o fogo precisa destruir o mundo. O fogo tem fúria, o fogo está ficando insano. O fogo precisa acabar com tudo ao seu redor, e o fogo vai fazer isso. Ele quer ser só, ele quer só a sua luz, o fogo é egoísta e egocêntrico, quer só a si mesmo e é assim que vai ficar. O fogo se mata.

24 de fevereiro de 2011

I carry your heart with me

"I carry your heart with me (I carry it in
my heart) I am never without it (anywhere
I go you go,my dear; and whatever is done
by only me is your doing,my darling)
I fear no fate(for you are my fate,my sweet) I want
no world(for beautiful you are my world,my true)
and it's you are whatever a moon has always meant
and whatever a sun will always sing is you

here is the deepest secret nobody knows
(here is the root of the root and the bud of the bud
and the sky of the sky of a tree called life;which grows
higher than the soul can hope or mind can hide)
and this is the wonder that's keeping the stars apart

I carry your heart(i carry it in my heart)"

Poema de Edward E. Cummings. Pra alertar que ainda estou viva aos meus leitores, e pra lembrar a Ela que eu não consigo tirá-la da cabeça. S. <3

11 de fevereiro de 2011

Until she walks along the beach

Eu sempre gostei do fogo. Sempre admirei a forma como crepita, a forma como consegue destruir, a maneira como é instável e incontrolável. Como só aumenta, como é insano. Como vai passando pelas correntes que prendem qualquer idéia, queimando qualquer coisa que esteja muito próxima, engolindo e tornando em cinzas aquilo que está perto demais. Agora, o gelo, ah, o gelo. Ele tem a forma que você quiser, você pode controlar como ele será, para onde ele irá, afinal, ele não se move. É só água muito fria. É frio e congela a sua alma com uma força que não se pode explicar. Mas você já colocou o gelo perto do fogo? A insanidade do fogo, a sua capacidade de destruir e devorar, consegue fazer esse gelo se derreter. Mas ai é que está. O que acontece quando o gelo derrete? Ele se torna água, e o que a água faz? Apaga o fogo. É um ciclo tortuoso, é uma chama que abrasa, um gelo que ameaça. É uma coisa que não acaba, é fera lutando com fera, um monstro fervente e insano tentando destruir a fria neve. Me queima por dentro, é uma chama ardendo em meu peito, é o vermelho e dourado que me domina, é como um fogo infernal caminhando por debaixo de minha pele, se alimentando de tudo em mim e me fazendo fogo assim como ele. É essa insanidade, é esse conhecimento de força superior que me faz agir em prol do pecado. Eu a vejo, eu a sinto, eu consigo ver as chamas vermelhas refletidas em seu cabelo negro como o corvo que me canta aquela doce canção de morte. Ela é o gelo, o frio que eu tanto temo, aquela claridade que ofusca e reflete minhas chamas que parecem ser tiradas do inferno. Esse gelo que me fatia fora de meu controle. Um rastro de gelo se faz atrás de si, porém, quando perto demais do fogo, começa a derreter e se tornar fumaça, evapora e se esvanece. Porém, às vezes essa água e esse frio ferem o fogo, o diminuem e o fazem gritar, destruir-se. Faz a bruxa feita de fogo destruir-se nas chamas que cria, agonizar em dor e se contorcer em meio ao seu próprio calor. Faz com que a bruxa peça proteção, que lance contra si mesma o seu feitiço de dor, faz com que seu fogo devore sua própria carne e ossos. Faz a bruxa gritar e tentar destruir tudo ao seu redor, faz a bruxa desejar ver a fumaça subir ao tocar no gelo fazendo-o sucumbir, almejando o dia em que todo o gelo sentirá o ardor de suas chamas e ali será destruído, ou que seja seu apenas e apenas seu, nem mesmo que tenha que levar às chamas todo o mundo. Uma alma em chamas tão cruel quanto os olhos impiedosos do assassino, olhos que só conseguem enxergar pecado, que só conseguem contemplar uma única visão. Uma alma destrutiva que derrama sangue e o queima entre o virgem mármore, uma alma que em cujas mãos está o poder de trazer e levar, de ir e voltar, de destruir, que não sente remorso. Uma alma que no final tenta se libertar de si mesma. Um fogo que enlouquece. Fogo. Só fogo queimando furioso ao redor do gelo esperando para ver o que acontece quando um pequeno cubo de gelo do tamanho de uma maçã se encontra com uma verdadeira floresta de furioso e alto fogo. Um dos dois precisa morrer, qual vai ser o primeiro?

8 de fevereiro de 2011

Diabolique sorciere

Acordar todos os dias e notar o quão louca estou ficando. Não conseguir dormir bem e tenho pesadelos todo o tempo. Eu não entendo o que acontece comigo, honestamente, a cada dia que passa eu me vejo definhando, eu mudei tanto que eu me assusto com o reflexo. Não controlo meus atos e meu peito dói o tempo todo, quase que a cada batida que ele dá. Há algo que o destrói, corrói, como ácido, é uma coisa latente, um sentimento pesado e doloroso, é algo que me mata aos poucos. Eu não consigo entender porque dói tanto ter que vê-la, porque me machuca de tal maneira sentir o seu cheiro mesmo que distante, eu não consigo compreender o que me faz sentir aquilo na barriga quando ela passa perto de mim, não imagino como explicar o que eu sinto quando a vejo sorrir e no flagra me olhar. Eu não conseguiria dizer todos os motivos de me sentir assim, todos os motivos que me fazem querer estar com ela o tempo todo, todas as razões de eu precisar abraçá-la só uma vez, beijar o seu rosto e lhe dizer, baixinho, o quanto foi e ainda é importante pra mim. Tudo que foi e tudo que pra sempre continuará sendo. Histórias sem final só acontecem por um motivo, pois seria doloroso demais dar fim à algo tão bonito, ou seja, pois ainda se acredita que pode haver a volta. Eu amo seus olhos castanhos, e não acho que seriam tão bonitos em outra pessoa, assim como não acho que olho algum pudesse combinar melhor com os meus negros do que os seus. Você é o que me faz forte, e por mais que eu diga que não quero sentir a sua falta, bem, eu sinto. De todo o pesadelo que vivo, você é o sonho bom que eu gosto de ter, e mesmo que presente em alguns pesadelos, eu sei que você é a vela acesa no escuro no qual me encontro. Esteja comigo, seja minha.

5 de fevereiro de 2011

Something evil's lurking in the dark

Ontem li um texto do magnífico doutor Drauzio Varella e hoje logo cedo estive lendo uma briga pelo twitter que envolvia defensores do homossexualismo e um perfil religioso. Isso me fez pensar em muitas coisas. Eu não tenho religião fixa ou formada, na verdade, sou a pessoa mais suspeita para falar de religiões já que me deixo levar por várias delas. Sou espírita seguindo Kardec; acho a Umbanda uma das religiões mais bonitas do mundo inteiro; a igreja católica é uma das igrejas que mais errou durante o curso da humanidade, mas ainda sim, é uma igreja que eu gosto de freqüentar algumas vezes. Acho que não tem nada de errado, nunca nem vi nada de errado em nenhuma delas. Sempre fui assumida sobre minha sexualidade para todos, e pra qualquer um que me pergunte a resposta é sempre "Eu sou lésbica, gosto de mulheres e me orgulho disso". Meu pai que escolheu seguir a umbanda, não vê mal nenhum na minha opção sexual. Minha mãe que é católica também jamais viu. Meu amigo é ateu, heterossexual, e nunca viu problema também. Minha colega é de outro estado, heterossexual e segue o judaísmo, ela também acha normal. Então eu me pergunto, qual é o problema com os outros religiosos? Por que toda essa perseguição? Eu realmente não consigo entender isso. Eu que estudo a bíblia nunca achei uma frase sequer condenando o homossexualismo, assim como nenhum desses religiosos homofóbicos também nunca viu. Ao contrário, li bastante sobre como cada pessoa deve amar e respeitar a outra da forma que ela é. Sobre como as pessoas são diferentes, mas como Deus ama a todas elas. E é verdade. Se existe um Deus ele ama a todos de uma forma muito igual, são todos seus filhos e eu duvido que ele vá lhes repudiar pelas escolhas que fazem. Afinal, não fomos feitos baseados na imagem dele? Então Deus é um pouco de cada nós. Ele é o homem e a mulher heterossexual, ele é a mulher lésbica, ele é a mulher que já foi homem, ele é o homem homossexual. Deus é amor, não ódio, por que odiaria a mim porque eu amo outra mulher? Por que ele se preocuparia com a minha felicidade PARECER errada quando tem muitas crianças na rua para ele cuidar? Eu acho que esses religiosos deviam se colocar em seus devidos lugares. Aos olhos de Deus nós estamos no mesmo patamar e ninguém tem o direito de julgar e ditar o que é certo ou errado. O Papa e você não são diferentes, mas aquele mendigo ou aquele transexual também não são. O que você homem faz com sua esposa é o mesmo que aquele seu amigo gay faz com o namorado. Aos preconceituosos que usam a bíblia como desculpa, por favor, a leiam direito e não só para pregar tolices aos seus seguidores. Se querem pregar a palavra de Deus, preguem a palavra dele e não a palavra de vocês contorcida. Até lá, que Oxalá ilumine a cabeça desses imbecis se dizendo donos da razão, pois afinal, tudo de mal que se faz, todo ódio que se demonstra... Volta pra você três vezes maior um dia.

3 de fevereiro de 2011

Dando sinal de vida

Nunca se é homem enquanto se não encontra alguma coisa pela qual se estaria disposto a morrer.
Jean-Paul Sartre

28 de janeiro de 2011

Who you think you are to cry?

Sei que sempre lê o que escrevo, sei que sabe de tudo na minha vida e sei que você nunca deixou de estar na minha sombra. Nunca deixei claro que escrevia para você, egocentrismo o seu achar isso, mesmo que certa. Pois agora, terá o texto que queria ler. Por mais de um ano deixei sua presença me torturar, deixei que sua mente carregada de má índole e sua crueldade comigo me tomassem o ser e me dominassem a mente, você me enlouqueceu e sabe disso. Mente para ela, e você sabe disso, não se sente enojada em fazê-la acreditar? Tola. Sabe qual é a diferença entre ela e eu? Você me subjugou e viu que eu era bem maior do que você pensou que eu fosse ser um dia. Sabe por que fiz tudo que fiz por você? Por que eu fiz tudo que fiz contigo? Porque me sentia sozinha, porque você me fazia mal, porque você me viciou em você. Porque me prendeu sem me dar o que deveria dar, como um cão em sua coleira que não recebe água ou comida, nem mesmo atenção. Foi isso que eu sempre fui pra você, afinal. Mas você, só você sabe como eu a amo, e você sabe que me ama também de igual forma. Não importa quanto tempo fique longe de mim, você sempre volta, mesmo que por pouco tempo, mas volta. O seu coração é meu, assim como o meu é seu, totalmente seu. E eu sei que nós vamos nos rever, sei que vamos estar juntas de novo, e você também sabe. Porque não existe uma coisa sequer neste mundo que eu não vá fazer por ti, nem que isso signifique desistir de mim.

22 de janeiro de 2011

Car ma vie

Azul, eu adoro essa janela de madeira azul e amo a parede branca envolta. Aquele muro velho de tijolo vermelho e mofo, aquela grade enferrujada. Gosto também daquele vaso bonito de renda portuguesa, com aquelas folhas verde-escuro enfeitando a sala. A flor de maio branca que desabrocha fora da hora e parece ainda mais bonita na mesinha de centro, mimo antigo que poucos conseguem entender. É aquela companhia gostosa que de longe te faz ficar bobinha e mais bobinha olhando pra tela do computador. Aquela coisa singela, aquele sorriso todo traiçoeiro e matreiro, menina bonita. Deve ter uma risada daquelas gostosas de ouvir, daquelas que te prende e que te faz agir feito palhaço pra ouvir mais. Ah, meu Deus, como poderia ter tanta graça um alguém assim tão inocente? Ah, mas é sim, é assim toda cheia de charme, toda cheia das manhas e toda cheia daquilo que eu gosto. Daquelas que te viciam, que te chamam pra perto quando você cisma fugir, e no final, quando ela chama você acaba indo, e depois que foi nem lembra o que estava fazendo antes. É como um roubo, te tomam do resto do mundo e te chamam tanta atenção quanto a plumagem verde e bonita das aves tão belas de nosso clima tropical. Menina, seja minha. Ou então permaneça assim, tão pura e casta, tão doce e tão meiga, assim, com esse teu jeito que só você saberia ter no mundo todo. Assim, tão delicada quanto flor sem espinho. Afinal, as rosas tem um perfume gostoso, são bonitas e assim tão românticas, mas perdem feio para as margaridas que assim tão simples e frágeis, conseguem me fazer pensar por horas em quão bonitas são e em como seu perfume assim, tão diferente dos demais, consegue ser ainda mais encantador. Um brinde às margaridas.

19 de janeiro de 2011

Back to December

Era um cheiro tão gostoso, cheiro de primavera, cheiro de flor e café da manhã se misturando com um cheiro de chocolate derretendo. Era um sorriso tão bonito, um sorriso brilhante de estrela com alegria de uma criança que brinca de roda. Era uma pele macia, uma pele suave, parecia pêssego e cheirava como a flor deste, tão aveludada que me faz querer acariciar de novo. Era uma voz bonita, uma voz melodiosa, quase tão linda quanto o rosto de sua dona. Era um beijo tímido com gosto de primeira vez, com gosto de quero mais e com gosto de medo, mas não de arrependimento. Era um pesar, mas não um pesar de ter feito, um pesar de ter fugido e de não ter seguido adiante. Ah, como eu a amava. Ah, como eu ainda gosto tanto dela. E ah, como eu não consigo esquecê-la. Como minha alma não se cala e meu peito não sossega com a simples menção do teu nome e como eu me torturo noite e dia com a lembrança dos seus longos cabelos em meu rosto. Como se arrependimento matasse e como se meu desejo não tivesse fim, queria eu poder voltar ao passado e fazer tudo diferente, queria eu poder deixar de morrer a cada dia com a mera regalia da sua presença. Como uma faca em meu coração que bate, como uma adaga em chamas me rasgando e dominando toda minha razão e todo meu ser, me tirando das idéias e me transformando em só mais uma réis mortal apaixonada pelo olhar de cor castanha tão doce e tão sedutora que me arranca suspiros todo o tempo. É uma necessidade profana, um sabor de pecado nos lábios e um cheiro de arrependimento no quarto. É o frio que me arrepia a pele, mas é o calor que me esquenta, que me enlouquece em chamas e me abrasa como uma fogueira viva morando em meu peito. É o doce que me chama a atenção, mas é também o amargo que me seduz, que me puxa, que me possui. É luz divina e fogo do inferno, é minha salvação e também a minha queda. É meu bem e é meu mal, é o que me faz feliz e o que me faz triste. Triste em não poder te ter, triste em não poder tomá-la mais em meus braços e chamá-la de "minha menina". Triste, triste de fato de ter errado, arrependida de não ter feito o que eu queria fazer quando ainda havia tempo de tê-lo feito. Eu queria tê-la puxado em meu abraço e me acolhido no seu também, sussurrado em seu ouvido o quanto eu era sua e o quanto eu a amava, o quanto te queria como minha e o quanto era feliz de ter seus sentimentos tão puros e singelos. Tão seus, tão doce quanto você era, quanto você é. É tarde demais, mas ainda sim, é seu o meu amor, é de ti a falta que mais sinto, e é a tua memória que me faz dormir todas as noites, que me faz sorrir e me faz chorar. É você, é só você que me faz ficar bem só por saber que existe, sem poder tocá-la, sem poder aproximar-me, sem poder ter coragem de dizer tudo que tranco comigo. É você a pessoa que sempre esteve gravada em minha alma, é teu nome entalhado em meu peito, é você a pessoa que Ela tentou me fazer esquecer e sem sucesso, me fez voltar pra ti mesmo que tu tenhas me fechado a porta. Meu amor, meu grande amor, se pudesses ver dentro de minha alma o arrependimento que me deixa  lacerada, me destrói e devora! Ah meu amor! Você voltaria pra mim, pois veria o quão sincero foi e ainda é meu amor e veria também, que a mágoa fez meu coração aprender e agora não tem mais coragem de deixá-la ir assim de novo, veria que meu peito rói ao simples som de sua voz guardada em minha memória, veria que minha alma me condena por tê-la machucado, jamais conseguiria fazê-lo de novo. Se não acreditas em gestos altruístas, lembra-te que não machucá-la é também egoísmo, pois por te ter machucado, estarei de feridas abertas banhadas em sal e vinagre por toda vida. És minha. És minha razão de ainda querer acordar pela manhã, ó doce menina do cheiro de primavera e café da manhã.

18 de janeiro de 2011

Desabafo

Eu sinto sua falta. Às vezes. Acho que você merece saber disso. Porque não importa o quanto eu diga que não, eu te amo. E se eu penso em alguém é você a única pessoa em que eu penso. Não entendo como as coisas ficaram desse jeito. Antes eu sonhava contigo todas as noites e agora tudo que faço é dormir. Por muitas vezes acho que estou ficando louca quando teu nome aparece na minha cabeça repentinamente. Algumas vezes chego a pensar que é você se lembrando de mim. Eu realmente sinto sua falta, e lá no fundo, eu sei que sempre irei. Talvez, tenhamos cometido um enorme erro.

7 de janeiro de 2011

Heartache for me

É, já faz um ano que eu escrevo aqui e por algum milagre, não abandonei totalmente. Mais um ano se passou e mais uma vez eu passei a virada extremamente mal. Acho que dezembro e janeiro são os meses em que passamos por todos os testes que não passamos o ano todo, por mais que tenhamos passados por MUITOS durante todo ele. 2010 sem sombra de dúvidas foi o pior dos piores anos da minha vida. Tudo que podia ter acontecido de ruim aconteceu, aliás, aconteceram até mais coisas do que deveriam acontecer. E este ano já começou péssimo pra ser honesta. Logo, decidi que não farei como na virada 2009/2010 e me entupir de desejos, expectativas e pensamentos bons. Eles não adiantam de nada. Vou simplesmente deixar fluir e ver aonde vai dar. É melhor, porque todo esse pensamento positivo e todos esses planos acabam indo pro ralo, só pioram tudo. Claro, algumas poucas coisas aconteceram. Conheci meus melhores amigos até hoje, resgatei antigas amizades e só. Mas ainda sim, é um começo. De toda maneira, continuo pessimista e sem ter o que escrever. Vou fazer outra coisa. Feliz 2011 galera e que ele seja ao menos um pouco melhor que esse último ano que destruiu a vida de todos no planeta.