25 de abril de 2011

Lebedinoye Ozero

Um pé aqui e outro ali, um salto e um pouso. Estava linda, estupidamente perfeita; tão encantadora e leve, suave, em cada passo. Ainda não a havia visto dançar, era a primeira vez que o fazia desde nossa união, admiti meu choque com tanto talento, admiti ter esperado bem menos dela, tê-la subjugado e achado que era incapacitada de fazer algo tão bonito. Até então eu não havia compreendido o tamanho de todo o seu espetáculo, por mais imenso e lotado que fosse aquele teatro, esperava algo pequeno e havia até mesmo perdido o começo do primeiro ato. Mas estava realmente lindo, até para mim, que odiava tanto balé. O lago dos Cisnes era a peça, e com suas impecáveis sapatilhas brancas, a minha Roxanne era quem dançava como como protagonista. Naquele instante, ela estava tão angelical assim como na primeira vez em que eu a havia visto. Um coque impecável em seu longo e liso cabelo castanho-médio, a maquiagem perolada ao redor de seus olhos castanho-escuros, o batom rosado em seus lábios em formato de coração, a sua pele pálida sem contraste com as vestes brancas idênticas às de Adelaide Giuri e uma coroa branca e prata; assim estava Roxanne. Em sua dança como cisne branco ela era extremamente gentil, ela era tímida e frágil, ela estava beirando o angelical. Era um anjo com asas falsas ao dançar, assim como era um anjo sem auréola na primeira vez em que nos encontramos. Só na primeira vez eu havia acreditado naquele rosto de boneca e naquele corpo de menina, só na primeira. Fim do primeiro ato. Agora, o cisne negro entrava e então reconheci não só por fora a presença de minha Roxanne. Vestida toda de preto, usava maquiagem forte em azul cor de céu noturno e um batom rosa-escuro, já não usava mais as sapatilhas brancas que eu lhe havia dado também. Dançava com maldade nos passos, com malícia em cada um dos seus movimentos. Estava feroz, decidida, intrépida e cruel. Sádica. Enfim, aquela era Roxanne; Roxanne, aquela bailarina que eu tinha como minha. Acabados os atos, fui vê-la em seu camarim. Rosas vermelho-escuros, cor de sangue velho assim como a sua alma. Depois que me viu escorada no portal, saiu correndo em minha direção e beijou-me sedenta manchando sua boca rosada com meu batom vermelho-claro, a cor do sangue corrente e também a cor que sua alma tinha antes de me conhecer, antes de se entregar à mim. Uma obrigação social ao seu lado e fomos embora, chegando em casa. Pulou em meu pescoço e nos despimos, como sempre, caimos na cama e ela pediu mais uma vez que eu fizesse o que sempre fazia. Se deixou ser minha, se deixou ser feita mulher pelas minhas mãos, se deixou provar o quanto era minha mulher, minha e somente minha. Me deixou fazê-la contorcer e gemer de prazer em minhas mãos, em minha boca, em minha intimidade. Me deixou tocar sua feminilidade com a minha e novamente, completar nosso pecado, nossa luxúria. Após a prova de nossa paixão, egoísta e física, nos levantamos e ficamos de pé observando a chuva na janela, era engraçado, chovia, mas ainda sim, a lua cheia estava linda iluminando todo nosso quarto. Deixei que entrelaçasse suas mãos nas minhas enquanto a abraçava por trás observando o reflexo de nossos corpos nus de mulher serem refletidos na janela. Beijou as minhas mãos e aconchegou seu corpo no meu, então vi refletido no vidro molhado os seus olhos fechando e seu sorrindo abrindo cada vez mais enquanto deitava para o lado sua cabeça.
- Gostei de sua dança como cisne branco - pausei roçando então o nariz em seu cabelo com cheiro de flores, agora solto - Não achei que conseguiria.
- Por quê? - perguntou sem se mover enquanto eu deitava a cabeça em seu ombro ignorando seu longo e liso cabelo roçando e arrepiando meus seios nus. Enquanto passava atrevidamente a língua por todo seu pescoço e tocava com a ponta do nariz em seu rosto pálido.
- É cisne negro demais para isso - sorri enquanto vi, em seu reflexo, que abria os olhos.
Virou o rosto e me beijou cheia de carinho e amor soltando-se de mim e indo cobrir sua nudez com um roupão de seda cor branca, sem fechá-lo. Trouxe meu roupão, que era idêntico, porém, preto. Vesti meu roupão enquanto fechava o seu, então, ela fechou o meu. Estava doce, estava gentil. Envolvi meus braços em sua cintura e ela então pousou uma mão em meu seio, e, com a outra mão, bagunçou meu curto e repicado cabelo com a ponta de um de seus dedos.
- Parece vermelho - disse olhando-me nos olhos negros.
- O que parece vermelho? - perguntei deduzindo que se referia ao meu batom.
- Seu cabelo - respondeu sorrindo - Ele parece vermelho.
- Porque é, oras - ri - Eu sou ruiva, Rox. Dorme comigo há dois anos e não sabia ainda?
- Não - riu baixo - Seu cabelo é ruivo, laranja. Só parece vermelho quando é noite e se banha com a luz do luar, só é vermelho quando está escuro e a lua se faz única luz.
- Aonde quer chegar? - perguntei com a sobrancelha franzida.
- Nem sempre o cisne negro precisa continuar negro sob a luz do luar - sorriu, parecia estranhamente angelical.
- Tem razão - eu estava de fato dormindo com um cisne cinza.
- A amo - proferiu aninhando sua cabeça em meus seios. Deitei-a na cama e me coloquei por cima lhe acariciando o rosto com a ponta dos dedos.
- Também a amo... - E a beijei tornando inútil que tivéssemos posto os roupões. Touché Roxanne. Touché.

19 de abril de 2011

One Night Stand

Você não tem nome, seu nome é “Minha”. Minha porque eu a tenho deitada no meu peito, Minha porque se encaixa perfeitamente no meu abraço, Minha porque confia em mim, Minha porque me prometeu ser para sempre só minha menina e me deixar ser só sua mulher. Só eu sei o sabor que seus lábios rosados têm, só eu sei o perfume que seu cabelo cor de breu possui, só eu conheço a maciez da sua pele alva, só eu sei como fazer seu corpo todo arrepiar, só eu consigo lhe arrancar tantos gemidos altos e gritos roucos, só eu posso tocá-la e sentir o gosto suave que do seu prazer. Você é Minha, você é só Minha.  Sua voz tão doce, tão suave e tão melodiosa. Seu cheiro tão igualmente doce, sua timidez tão incrivelmente encantadora, seu jeito meigo, a sua delicadeza. Seu vestido é tão bonito, seu vestido fica tão bonito em você, mas só em você, e só porque é assim tão fácil de tirar, assim, só puxar o laço e logo ele cai mostrando em partes a beleza do seu corpo nu. Os seios assim envergonhados, a cintura assim fina. O meu também é fácil de tirar, e você logo o faz deixando a minha pele tingida com o sol e tão quente quanto ele tocar a sua fria com cor de lua. De poro em poro eu sinto sua pele inteira arrepiar, subindo crescentemente até sua nuca enquanto deita a cabeça para o lado fechando os olhos, olhos bonitos, olhos cor de mel, os mais bonitos que já vi. Mas era assim, eu Sol e você Lua, você era apenas um pequeno pedaço de rocha e eu te atraia com a gravidade, e você vinha sem recusa alguma, estava entregue. Um toque, mãos que desciam pelas sua cintura, quadris e coxas, mas subiam um pouco mais invadindo a lingerie de renda cor creme, mas subiam um pouco tirando a lingerie de renda cor creme. “Por que você é assim tão ingênua?” eu perguntei, ela não me respondeu, ela só continuou com os braços ao redor do meu pescoço. Os seus lábios rosados tocando os meus vermelhos, sua cintura em minhas mãos e o seu sorriso colado ao meu. “Por que você não me responde?” e perguntei de novo afastando nossos rostos, encarando seus olhos, e ela me sorriu sem responder, outra vez. Um toque, dedos que invadiam terrenos que não eram meus, mas ela não reclamou, ela não disse nada, apenas deitou-se na cama puxando-me para cima de ti. Gemidos altos, sussurros que eu não compreendi, suas unhas marcando minha pele nua, meu nome saindo de seus lábios e ecoando pelas paredes do quarto. Rolamos, sentamos, levantamos, deitamos e em meio à toda essa movimentação, caímos no tapete e paramos para observar o teto, ofegantes e suadas. A beijei, baguncei seu cabelo e ela nada fez. Só deitou a cabeça em meus seios, sorriu e fechou os olhos. "Por que você me deixa te fazer de boba assim Claire?" perguntei, "Porque eu sei que você também está se fazendo de boba achando que sou a única apaixonada aqui" me respondeu finalmente. Eu sorri, realmente, eu também estava sendo a boba ali. Vestiu-se, me vesti. Peguei as chaves do carro e lhe selei os lábios "Vai voltar?" perguntou enrolando com o dedo uma mecha de meu cabelo. Eu sorri, "Don't you know that you're nothin' more than one night stand?" respondi citando Joplin, lhe selei os lábios novamente e com um carinho em seu queixo sai. Quando pessoas inteligentes se apaixonam e sentem a conexão com outra pessoa, elas vão embora antes que algo aconteça. Algo como amor, a maior maldição do mundo.

15 de abril de 2011

The whole world just fades away

Eu estava ali tão calma sentada com meus pensamentos, caneta e papel, estava ali tão em paz com meu mundo louco quando vi seus olhos de tímida ave entrando naquela sala. Sapatilha de um cor-de-rosa beirando o bebê, anel e brincos de pérola, uma blusa branca da mesma cor caindo de um ombro, a calça de jeans claro. Seu corpo assim, carregado de volúpia, seu andar assim temeroso e cheio de medo, mas assim, gentil e com cara de menina bonita. Ela era uma menina bonita. Com seus longos cabelos negros, assim lisos e muito bem penteados; com seus olhos cor de pedra escura e marrom, cor de chão em dia de chuva; sua pele de porcelana, sua pele de   copo de leite que floresce só uma vez ao ano com o perfume de mil flores de cerejeira abrindo em um campo de rosas. Você é assim adocicada como o mais lento veneno e a bebida mais leve, mas por ironia, tal bebida fraca e doce é a que mais me deixa zonza, que mais me tira os sentidos. Você é assim garota, você me deixa assim louca. Você é menina mulher, é deusa grega em terras tupis. Teu corpo nu na beira do mar, as flores brancas e penas no cabelo negro e comprido, que cabelo negro lindo, capaz de humilhar o céu estrelado com tanto brilho que tem. Esses teus olhos de dona do mundo, ofuscariam a beleza de mil jardins de rosas. Cada passo seu por mais embaraçado que seja, é o mais bonito. Sua pureza, sua ingenuidade, sua inocência e esse seu sorriso de criança me tiram suspiros de sabe-se lá aonde, você é dona do meu pensamento, patrona de meu coração e rainha de minh'alma e razão. Se fosse minha menina, seria a mais bela musa dos poemas que eu te escreveria e mulher alguma ouviria palavras tão bonitas quantos as que eu usaria de manhã cedo na cama para te acordar. Ah garota, me deixa ser sua mulher e eu te prometo que meus pensamentos serão só teus de hoje em diante.

9 de abril de 2011

A second chance is all I'm meaning.

A minha menina é das meninas a mais bonita, dos fascínios do mundo é a mais fascinante, e ah, ela tem os olhos que mais brilham em toda a vasta extensão do universo. Eu realmente não me lembro de qual cor eles são, mas eu sei que são os castanhos mais bonitos que já existiram. Seu cabelo é o mais cheiroso também, é como estar em um campo de pessegueiros; sua pele é a mais macia, é como tocar seda; e sua boca? Ah, esta tem o sabor mais doce que poderia existir e o sorriso mais belo que já foi dado; tudo nela é assim, delicado e bonito, seja rosto, cabelo, mãos e corpo. Tudo nela é bonito, porque ela é assim, demais pra mim. Não é margarida, não é flor de cerejeira e não é rosa, ela é assim, lírio bonito que tenho pena de colher do jardim, só fico aqui da janela observando-a crescer e se tornar cada vez mais bonita, mas o que fazer se ela está nascendo no jardim vizinho e não no meu quintal seco e sem vida? A vontade de lhe roubar é enorme, mas viveria ela aqui em terras tão mortas? O sabor amargo e a cor vermelha de meus lábios não tiraria dos seus a doçura e a cor rosada? O negro de minhas orbes não lhe roubaria todo o brilho de seus olhos castanhos? O meu cheiro forte de canela e conhaque não iria tirar o campo de pessegueiros do seu cabelo? E sua pele de seda fria não deixaria de ser assim, tão fria e deslizante quando entrasse em contato com a minha de veludo quente? E ah, o seu sorriso, ele não se desmancharia ao ver a tristeza de minha alma? Eu sou assim, tão árvore seca e morta, de folhas negras caindo ao chão, de galhos retorcidos e de teimosia exuberante. Eu sou assim tão fortemente presa ao chão que é minha loucura e você tão suspensa no ar por ramos tão verdes e gentis. Como poderia eu desejá-la ter? Mas desejo, almejo do fundo de minh'alma poder abraçá-la, um abraço extraído de meu lado herculano cujo intuito, além de saciar minha vontade de lhe ter, é o de jamais deixá-la partir. Eu preciso tanto de você que se torna extremamente difícil até mesmo respirar, acordar e desejar viver sem ter você aqui. Se tornou bem mais que uma musa ou uma inspiração, és minha bússola, és o que me instiga a viver mais e viver só com o objetivo de te ter em meus braços uma única vez antes de partir desse mundo cruel. Oh minha linda e doce dama, me dê tua mão e deixa-me te mostrar que, entre os vales secos e mortos de minha obscura mente, você é a única flor viva ao qual tudo gira em torno. Deixa eu te mostrar que você é a única coisa que ainda vive em mim e me faz acreditar que de árvores assim tão mortas nesse clima assim tão frio, possa ressurgir algo vivo. Deixa.

1 de abril de 2011

April Fools

O que eu te diria hoje nesse exato instante? Bom, eu te apontaria o dedo bem no meio do rosto, a olharia bem fundo nos olhos e diria que não a quero mais na minha vida. Negaria todas as noites que chorei pela simples menção do teu nome, que chorei desejando tê-la, que chorei com a dor de a ter perdido, que chorei por tanto te amar. Eu te diria que nunca mais irei atrás de você, diria que nunca mais te veria e viraria as costas chorando com o coração na garganta. Eu te prometeria nunca mais te olhar e desejar poder te abraçar e entre lágrimas dizer o quanto eu ainda te amo. Eu facilmente te diria que não sentia absolutamente nada além de repulsa por você, que desejava nunca mais vê-la já que não me era de serventia nenhuma mais. Negaria que sonho contigo a noite, que nesses devaneios você me pede pra voltar. Eu te juraria de joelhos que nunca mais iria falar nada sobre você, que iria lhe apagar da mente, que nunca senti e nem nunca sentirei nada, que não sinto sua falta e que foi tudo uma perca de tempo. Mas eu só poderia te dizer isso hoje, no dia primeiro de abril, eu só conseguiria mentir assim nesse dia, até porque, você sabe melhor que eu o quanto eu ainda te amo e o quanto eu faria tudo pra te ter de volta. Eu sinto sua falta meu amor, sinto muito a sua falta, sinto tanto que me falta o ar, sufoca e faz mal.