30 de março de 2011

Once again

O que é, afinal, a loucura? A loucura de minha alma é isso mesmo, ser minha alma. Tantas faces, tantos cheiros, tanto tudo. É tudo dobrado, tudo multiplicado. Tudo contradição, tudo confusão. Algumas vezes eu sonhava que estava bem e em meus delírios afirmava que era normal, acreditando sem crer que ainda possuía alguma sanidade notável e que o resto do mundo era igual, quando eu sabia vem que isso não era verdade. Eu nunca tive nada de normal e sabia disso, só negava. Essa minha loucura também nunca foi assim, convencional. Eu nunca ouvi vozes me dizendo para fazer coisas, eu só era controlada pelos seus desejos silenciosos, ainda sou a ponto de ter perdido a conta de quantas vezes acordei com uma tesoura na mão querendo, a todo custo, rasgar fora cabelo e olhos. Eu mesma me mandava fazer isso, uma segunda face de mim que queria me matar, que queria o sofrimento tendo fim ou um começo adequado. Sempre vi essa podridão em minha alma, esse cheiro de animal morto. Uma escuridão só, porém, uma chama acesa ainda sim. O fogo queimava dentro de mim, e, com o tempo, me transformou em brasa também. Tão instável, tão inconstante e tão destrutiva quanto uma labareda alta, tão insana e feroz quanto uma também. Enlouquecida e esfomeada por sangue, cheia de fúria e devaneios carregados de dor. Eu sou infeliz, os outros felizes, mas, quantas pessoas no mundo são realmente felizes? As pessoas parecem ser felizes, mas na verdade são só bons atores. Fingem viver em paz, mas só engolem os seus demônios, então, eles conseguem manter seu auto-controle e trancar esses tais monstros dentro de si, conseguem seguir adiante. Algumas pessoas não conseguem lacrar dentro de si esses pesadelos, então acabam sendo escravizadas por eles. Eu sou uma delas. Presa não por grades de ferro, mas sim por uma trilha de água ao meu redor, queimando até chegar ao céu tentando sair e fazer de tudo cinzas. Eu não estou doente, eu só sou perigosa pra mim mesma. Remédio é pão, álcool é água e gritos são suaves melodias. A loucura é a ilusão, é o pesadelo do qual sempre acordei, mas do qual acredito que jamais conseguirei sair de novo. Ao menos, não com vida. Mas e dai? Eu sempre encarei a morte como a maior libertação. Que venha.

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