19 de janeiro de 2011

Back to December

Era um cheiro tão gostoso, cheiro de primavera, cheiro de flor e café da manhã se misturando com um cheiro de chocolate derretendo. Era um sorriso tão bonito, um sorriso brilhante de estrela com alegria de uma criança que brinca de roda. Era uma pele macia, uma pele suave, parecia pêssego e cheirava como a flor deste, tão aveludada que me faz querer acariciar de novo. Era uma voz bonita, uma voz melodiosa, quase tão linda quanto o rosto de sua dona. Era um beijo tímido com gosto de primeira vez, com gosto de quero mais e com gosto de medo, mas não de arrependimento. Era um pesar, mas não um pesar de ter feito, um pesar de ter fugido e de não ter seguido adiante. Ah, como eu a amava. Ah, como eu ainda gosto tanto dela. E ah, como eu não consigo esquecê-la. Como minha alma não se cala e meu peito não sossega com a simples menção do teu nome e como eu me torturo noite e dia com a lembrança dos seus longos cabelos em meu rosto. Como se arrependimento matasse e como se meu desejo não tivesse fim, queria eu poder voltar ao passado e fazer tudo diferente, queria eu poder deixar de morrer a cada dia com a mera regalia da sua presença. Como uma faca em meu coração que bate, como uma adaga em chamas me rasgando e dominando toda minha razão e todo meu ser, me tirando das idéias e me transformando em só mais uma réis mortal apaixonada pelo olhar de cor castanha tão doce e tão sedutora que me arranca suspiros todo o tempo. É uma necessidade profana, um sabor de pecado nos lábios e um cheiro de arrependimento no quarto. É o frio que me arrepia a pele, mas é o calor que me esquenta, que me enlouquece em chamas e me abrasa como uma fogueira viva morando em meu peito. É o doce que me chama a atenção, mas é também o amargo que me seduz, que me puxa, que me possui. É luz divina e fogo do inferno, é minha salvação e também a minha queda. É meu bem e é meu mal, é o que me faz feliz e o que me faz triste. Triste em não poder te ter, triste em não poder tomá-la mais em meus braços e chamá-la de "minha menina". Triste, triste de fato de ter errado, arrependida de não ter feito o que eu queria fazer quando ainda havia tempo de tê-lo feito. Eu queria tê-la puxado em meu abraço e me acolhido no seu também, sussurrado em seu ouvido o quanto eu era sua e o quanto eu a amava, o quanto te queria como minha e o quanto era feliz de ter seus sentimentos tão puros e singelos. Tão seus, tão doce quanto você era, quanto você é. É tarde demais, mas ainda sim, é seu o meu amor, é de ti a falta que mais sinto, e é a tua memória que me faz dormir todas as noites, que me faz sorrir e me faz chorar. É você, é só você que me faz ficar bem só por saber que existe, sem poder tocá-la, sem poder aproximar-me, sem poder ter coragem de dizer tudo que tranco comigo. É você a pessoa que sempre esteve gravada em minha alma, é teu nome entalhado em meu peito, é você a pessoa que Ela tentou me fazer esquecer e sem sucesso, me fez voltar pra ti mesmo que tu tenhas me fechado a porta. Meu amor, meu grande amor, se pudesses ver dentro de minha alma o arrependimento que me deixa  lacerada, me destrói e devora! Ah meu amor! Você voltaria pra mim, pois veria o quão sincero foi e ainda é meu amor e veria também, que a mágoa fez meu coração aprender e agora não tem mais coragem de deixá-la ir assim de novo, veria que meu peito rói ao simples som de sua voz guardada em minha memória, veria que minha alma me condena por tê-la machucado, jamais conseguiria fazê-lo de novo. Se não acreditas em gestos altruístas, lembra-te que não machucá-la é também egoísmo, pois por te ter machucado, estarei de feridas abertas banhadas em sal e vinagre por toda vida. És minha. És minha razão de ainda querer acordar pela manhã, ó doce menina do cheiro de primavera e café da manhã.

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