25 de julho de 2011

Still a little bit delirious

Gosto tanto de vê-la andar. É tão determinada, tão dona de si, tão cheia de arrogância. Vive em seu mundo paralelo cheio de lírica e esquece-te de nós, meros mortais, que desejamos tanto ouvir a tua doce voz. Dona. És assim que a conheço, Dona. Você vem, parece tão destinada a quebrar as linhas invisíveis do tempo, tão destinada a me fazer parar de pintar o quadro presente com as cores do passado. Você vem, vem tanto para bem quanto para mal, mas dos venenos é o seu gosto o melhor. Você se parece muito com uma adega de vinhos, tão cheia de tantos diferentes fracos de tão diferentes cores, mas no fundo, todos tem o mesmo sabor e o mesmo veneno mortal. Te peço, por favor, Dona, não manche este chão com sangue. Mate-me lentamente e sem dor, de forma que eu mal perceba. Consegue sentir minha querida? Os sons estão florescendo em teu corpo esguio de sombra negra. Você é forte. Você parece forte, mas minha adorada, és tão frágil por dentro. É pura poesia, poesia sentimental de alguém que ainda não teve o prazer de sentir de verdade. Você vaga toda noite em cima de minha lápide, mas nunca olhou para minha cova abaixo de ti. Se alguém me pedisse um conselho sobre ti, diria para que se mantivesse orgulhoso, mas como sugerir à outro que mantenha o orgulho quando eu tenho a cabeça totalmente virada por tua causa mulher? Minha vida é tão incompleta, meus anéis de ouro eu vi ruir com a água da chuva, minhas jóias estão amarradas aos meus pés e me fazem afundar mais rápido nas águas profundas que são seus olhos. Mas ah, quanta ironia. Teus olhos são a noite mulher, são tão negros quanto ela e tem o mesmo brilho que todas as estrelas teriam se um dia se reunissem. Olhe para mim, eu quero que me sinta, eu quero que me culpe pelos seus erros, quero que diga com desdém meu nome e grite o quão suja é minha alma. Humilha-me, rasga-me, me enche de pecado e abusa de meu sexo como o cliente da prostituta, seja minha mulher e me faça a sua mulher, venha! Cuspa em minha cara e ofenda-me! Grita! Xinga! Destrói meu nome e destrói meu peito, mas satisfaz meu corpo e alma poeta com suas rimas sádicas e falsamente românticas. Vem, pássaro negro, invade meu quarto e minha cama, deita-te sob meu teto e conta as rachaduras de meu peito comigo. Joga-me na lama e me chama de imunda, de traste, faz de mim tua escrava, faz de mim tua cólera! Tire o resto de luz que ainda tenho. Você não sabe, mas eu vejo que é este jogo que você está jogando comigo. E adoro-o.

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