5 de junho de 2010

Mergulho fundo

É irônico como o lugar favorito de uma fã da cidade não passa de um pedacinho de grama no meio do nada. O céu mais lindo que já viu, o mais estrelado e o mais azul. A grama mais viva a macia, os sons mais calmos e mais ritmados que já escutou. Aquelas águas violentas que conseguem compor a música mais bem composta do mundo, aquela cor incrível. Olhos de fera que são os mesmos olhos da mãe carinhosa. A solidão que é não estar sozinho hora alguma. Liberdade, serenidade. Celulares, secadores, televiões, jornais, problemas, tudo isso vai indo embora simplesmente, como uma roupa que se tira do corpo violentamente. O corpo cansado dá espaço pra mente aberta e descançada, tudo que era doente agora se cura em questões de segundos. Sente-se mais em casa ali do que em qualquer lugar, é o seu pedaço de paraíso entre água e montanhas, é o tocar do orvalho sobre seu rosto na manhã fria. É a barraca molhada que esfria e aquece, é a risada dos pássaros que te acorda, é o sol mais bonito que você já viu indo e voltando também. É a maior e mais brilhante lua, são as mais belas estrelas do céu. Música boa, vista linda, calma... Paz, finalmente.

1 de junho de 2010

Prisioneira

A verdade é que deixei isso aqui por não saber mais o que escrever, por não conseguir mais fazer nada. Hoje simplesmente busco como refúgio meus desenhos e meu caderno de textos. Ultimamente nada anda fazendo sentido, me sinto fraca, a vontade é algo que me falta, o escuro se tornou bom por não me mostrar a realidade, a luz me assusta. O silêncio não incomoda, mas sim a não existência de voz alguma, eu não me escuto mais, eu não escuto mais ninguém, eu não me reconheço aqui mais. Eu falo e faço, mas sinto como se tivesse outra pessoa dentro de mim me manipulando, sou eu e ao mesmo tempo não sou. Aquela pessoa no espelho, repentinamente me parece tão mais feia, mais gorda, mais suja, mais estranha, não sou eu. Nada mais consegue fazer algum sentido e eu pareço viver em um mundo paralelo ao real, aonde existem somente fantasias que eu mesma criei pra fugir de mim mesma. As pessoas riem, me chamam de louca e eu nem me importo mais. Eu não sou louca... Mas não me sinto sã. Eu estou em vazio completo. Do inglês, tiro o termo "hiatus", que significa vala, fenda, brecha e até mesmo vazio. Sonhava tão alto, agora o baque da realidade é mais do que eu posso suportar de mim. O frio nem faz diferença mais, poderia morrer de hipotermia sem me preocupar com nada. A dor não é nada quando me machuco, é bom, é gostoso sentir aquela coisa vermelha escorrendo, saboroso quase. Tudo se tornou cinza, não existe mais cor alguma em minha vida, só há uma, mas ela sempre se coloca fugindo de mim. O vento é meu melhor amigo, nem o relaciono com Wind mais, ela não é nada. O céu não faz diferença mais, é sempre escuro, sempre nublado e sem estrelas. Me deito para ver a lua às 20:00pm, às 6:20am me dou conta que o tempo passou e ainda acho que são 01:00pm somente. O termometro marca 13ºC, eu estou sem agasalho nenhum, só com um cobertor fino por cima. Me levanto sem vontade e tomo banho de água fria no escuro, seco o cabelo de qualquer jeito e saio de toalha pela casa molhando o chão limpo. Entro em meu quarto abafado, me visto de qualquer maneira e me olho no espelho. Tantas olheiras, olhos tão escuros e vazios... O cabelo outrora vivo e sedoso agora é ralo, seboso, sem cor ou vida; minha pele se tornou pálida, cinzenta, pegajosa;  os braços que antes erguiam televisões 29' sozinhos, agora não erguem um som de 3kg. A mais aplicada aluna agora não escuta nada, não consegue se concentrar ou pensar em nada, nem decorar nada. Vaidade, estudos são nulos. Não me lembro de mais nada, só de chorar no escuro e ter pesadelos. Queria, sinceramente, morrer para fazer isso parar, pois se não o parar, vou acabar me matando aos poucos sem ver como já faço.