23 de julho de 2011

Je comprends, mon amour

De que cor ele é? Aquele meu coração, anjo. Aquele que roubou de mim. Você tomou de mim aquilo que eu sequer sabia existir, meu anjo. Eu nunca o havia sentido fazer algo mais além de bater, então, os seus olhos cor do mar me fizeram senti-lo sangrar. Você o roubou. Tirou de meu peito com tanta força e rapidez que nem mesmo sua cor eu pude ver minha amada. Numa caixa você o trancou e na estante fez questão de colocar exibindo-o como troféu, exibindo-o da mesma forma que se exibe a galhada do abatido cervo. Mas meu anjo, você nem mesmo lembra de quem é o coração, você nem do meu nome se recorda. Como cinzas no vento eu sumi e desvaneci de sua memória, eu me desfiz para você, mas amada, você esqueceu-se de deixar-me fazer o mesmo. Fugiu assim sem explicação, meu anjo, e levou contigo meu coração, fazendo-se então eterna dona dele e de sua posse ele é hoje, sempre será, até que tu me devolvas meu frágil e fraco coração, que sequer bater dá conta. Se não o quiseres, devolva-me e com a dor viverei em paz. Desapropria-se dele, anjo, deixa ele voltar pro meu peito saudoso. Um dia talvez consigas enxergar, menina, eu sempre entendi porque fostes, eu só esperei que um dia achasse a tal razão poderosa o bastante para fazer-te ficar aqui no encaixe do meu abraço, que é o seu lugar. É o mar o brilho dos seus olhos anjo, é o mar nos seus olhos. É o mar destes teus olhos enfeitando o vosso nome, é o mar dos olhos teus. É maior que o mar que enfeita vosso nome e brilha dos teus olhos, meu amor, é maior que todo este mar a dor que causou ao ir embora. Maior que estes mares, somente é a minha vontade de que voltes com meu partido coração na caixa, disposta a deixá-lo viver em mim, disposta a cuidar dele. É maior que todos esses mares, meu anjo, a saudade que ocupa meu peito no lugar onde antes batia o meu coração, agora trancado em vossa caixa, anjo.

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