17 de junho de 2011
It's only your shadow
Por que eu sinto um vazio tão grande hoje? Por que logo nesta sexta-feira fria eu me lembrei de ti e quis, pela primeira vez, chorar pela falta que você me faz? Por que hoje, depois de tanto tempo? Por que justo nesta hora, eu sinto meu coração ser esmagado por você e pela dor da sua ausência se fazendo presente em mim? Ah, meu anjo, meu doce e amado anjo, como eu poderia resumir a sensação de tristeza em meu peito? Como poderia eu, sendo réis mortal, descrever-te como inundam minh'alma a agonia e o desespero? Seria matemática e te diria em números, mas como contar este crescente infinito? Seria poeta e te faria as mais belas poesias com as mais românticas rimas, mas não há junção de letras, palavras ou rimas que expressem este sentimento que me dilacera. Queria saber falar a tua língua, a língua dos anjos, assim eu talvez conseguisse encontrar algum termo capaz de comportar toda essa dor que sua ausência me causa. Por que você se foi? Para onde foi, afinal? Seria teu sádico Deus te chamando de volta aos céus? É aí que estás? Sentada ao lado do trono dele? Se estiver, rogo aos céus e ao teu misericordioso Senhor que me devolvam você, rogo-lhes que te deixem voltar para mim na vã esperança de que seja sua vontade voltar aos meus braços para sentir o meu calor. Mas como poderias querer-me, não é mesmo? Como poderias desejar voltar à Terra e aos seus pecados onde és somente mulher se aí és o anjo com asas douradas enfeitando o pôr-do-sol? És fuligem cor d'ouro nas nuvens. Ah amada, como? Queria parar de chorar, mas anjo, novamente te pergunto: Como? Dei-me conta de que esqueci-me de como sua voz é, de como os timbres chegam ao meu ouvido; me esqueci de teu cheiro e de seu toque, também sem querer esqueci do seu calor. Lembro-me apenas dos vossos olhos, cor azul tão clara quanto tua atual morada, e de vosso sorriso, ah, sorriso que iluminava mais minhas horas mais sombrias do que o grande e supremo astro lumioso Sol, mais que a encantadora e misteriosa Lua, mais que as gentis e sedutoras Estrelas. Sem sua presença, anjo, eu sucumbo em pecado e em delírios vãos carregados de insanidade, caio em toda minha maleficência e de joelhos eu praguejo aos prantos entregando minha alma e meu corpo ao inferno. Deixo que as densas e eternas trevas daquele que não é nomeado tomem conta do meu externo e aos poucos, deixo que as minhas trevas internas se misturem à trevas dele permitindo que a energia deste encontro emane tamanha escuridão ao ponto de me fundir à todo mal do mundo, queimando minha carne e ossos. Tudo de que preciso é da vossa salvação meu anjo, do vosso amor e do vosso perdão. Por que tu não voltas aqui e me tira do vasto poço sombrio aonde mergulhei e afundei? Amada, anjo, minha amada e meu anjo, és a mulher que eu amo e o anjo que admiro, és meu amor, és minha amada, meu sonho e minha luz perdida. Amo-te como não amaria ninguém mais, mesmo no escuro, amo-te e quero-te como antes, até mais. Meu pranto o Diabo, senhor do inferno irá secar, mas não parar, enquanto tu não estiveres aqui para findá-lo. Meu corpo o fogo do inferno também vai consumir e transformar em carvão até que chegues para acabar com isso. Me entrego ao mal e em meu desespero, deixo-te partir novamente na esperança de que voltes um dia e me tire daqui, absolvendo então os meus pecados e salvando-me da maldição em que me transformei.
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