11 de fevereiro de 2011
Until she walks along the beach
Eu sempre gostei do fogo. Sempre admirei a forma como crepita, a forma como consegue destruir, a maneira como é instável e incontrolável. Como só aumenta, como é insano. Como vai passando pelas correntes que prendem qualquer idéia, queimando qualquer coisa que esteja muito próxima, engolindo e tornando em cinzas aquilo que está perto demais. Agora, o gelo, ah, o gelo. Ele tem a forma que você quiser, você pode controlar como ele será, para onde ele irá, afinal, ele não se move. É só água muito fria. É frio e congela a sua alma com uma força que não se pode explicar. Mas você já colocou o gelo perto do fogo? A insanidade do fogo, a sua capacidade de destruir e devorar, consegue fazer esse gelo se derreter. Mas ai é que está. O que acontece quando o gelo derrete? Ele se torna água, e o que a água faz? Apaga o fogo. É um ciclo tortuoso, é uma chama que abrasa, um gelo que ameaça. É uma coisa que não acaba, é fera lutando com fera, um monstro fervente e insano tentando destruir a fria neve. Me queima por dentro, é uma chama ardendo em meu peito, é o vermelho e dourado que me domina, é como um fogo infernal caminhando por debaixo de minha pele, se alimentando de tudo em mim e me fazendo fogo assim como ele. É essa insanidade, é esse conhecimento de força superior que me faz agir em prol do pecado. Eu a vejo, eu a sinto, eu consigo ver as chamas vermelhas refletidas em seu cabelo negro como o corvo que me canta aquela doce canção de morte. Ela é o gelo, o frio que eu tanto temo, aquela claridade que ofusca e reflete minhas chamas que parecem ser tiradas do inferno. Esse gelo que me fatia fora de meu controle. Um rastro de gelo se faz atrás de si, porém, quando perto demais do fogo, começa a derreter e se tornar fumaça, evapora e se esvanece. Porém, às vezes essa água e esse frio ferem o fogo, o diminuem e o fazem gritar, destruir-se. Faz a bruxa feita de fogo destruir-se nas chamas que cria, agonizar em dor e se contorcer em meio ao seu próprio calor. Faz com que a bruxa peça proteção, que lance contra si mesma o seu feitiço de dor, faz com que seu fogo devore sua própria carne e ossos. Faz a bruxa gritar e tentar destruir tudo ao seu redor, faz a bruxa desejar ver a fumaça subir ao tocar no gelo fazendo-o sucumbir, almejando o dia em que todo o gelo sentirá o ardor de suas chamas e ali será destruído, ou que seja seu apenas e apenas seu, nem mesmo que tenha que levar às chamas todo o mundo. Uma alma em chamas tão cruel quanto os olhos impiedosos do assassino, olhos que só conseguem enxergar pecado, que só conseguem contemplar uma única visão. Uma alma destrutiva que derrama sangue e o queima entre o virgem mármore, uma alma que em cujas mãos está o poder de trazer e levar, de ir e voltar, de destruir, que não sente remorso. Uma alma que no final tenta se libertar de si mesma. Um fogo que enlouquece. Fogo. Só fogo queimando furioso ao redor do gelo esperando para ver o que acontece quando um pequeno cubo de gelo do tamanho de uma maçã se encontra com uma verdadeira floresta de furioso e alto fogo. Um dos dois precisa morrer, qual vai ser o primeiro?
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