12 de julho de 2010
O Choro Lupino
Estava tudo coberto de neve, havia lobos em toda parte ao meu redor, não podia vê-los, mas podia sentí-los me observando com aqueles olhos perfeitamente dourados. Eu sentia tanto frio, mas não me importava, meus pés descalços não faziam a menor diferença. Ao correr podia sentir os galhos arranhando e rasgando minha pele, me cortando. Quanto mais rápido eu corria, mais rápido eles vinham atrás de mim, uivavam tão alto e de forma tão sombria que pareciam um só grito. O som de água corrente me assustou e me confundiu, como podia existir água sem que ela se tornasse gelo em meio ao frio extremo? Deslizei pelas pedras caindo na água e lá estavam eles atrás de mim, me senti quase cair em meio aquela água fria, mas simplesmente me virei para trás. Aquele vento forte e cortante me passando pelo rosto e cabelo, foi então que encontrei um sorriso em meio a toda aquela escuridão. Os uivos pareciam se tornar choros agora, lágrimas desciam pelo meu rosto e eles pareciam compartilhar a dor que eu estava sentindo. Medo, solidão, tristeza, uma vontade de cair e me deixar levar por aquelas águas... Aqueles olhos quase prateados pareciam os de uma fera tão cruel quanto a própria noite, mas aquele sorriso doce e aquela mão estendida em minha direção me deixaram confusa. As lágrimas corriam e lá eu estava observando aquela figura pálida sob a luz da lua, imóvel. Eu deveria ou não ir com ela? Era só um sonho, ou um sinal? Queria conseguir continuar correndo.
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